Malungos e mestres griôs
Malungo significa companheiro, parceiro, camarada. Ou seja, é uma pessoa que participa das mesmas atividades, destinos ou amizades. Leitor que assina Romildo enviou mensagem para o blog Itabaiana Hoje, dizendo-se da geração de Fábio Mozart, Sanderli, Jacinto, Norberto, Aguinaldo e tantos outros. Deve ser um malungo que fugiu da minha memória senil, da época de ouro itabaianense.
Esse malungo diz que é grato pela minha “grande contribuição à cultura de Itabaiana”, pelo que agradeço a deferência, mas quem realmente concorreu para a riqueza cultural desta terra foi, por exemplo, o velho Chico do Doce, pobre de bens deste mundo, mas rico de alegria e arte simples como seu povo. Chico do Doce do babau e do pastoril celebrou o universo da sua terra com a satisfação e o júbilo dos puros. Merece as homenagens desta geração.
Malungos da Paraíba e do Brasil estão pensando em gente como Chico do Doce, pessoas que eles chamam de Mestres Griôs, que transmitem os saberes e fazeres da tradição oral. Esses mestres geralmente são pessoas simples, pobres, muitas vezes necessitadas de recursos para sua sobrevivência. Para isso foi planejado um Programa Nacional Griô, para instituir uma política de diálogo entre esses mestres e a educação formal nas escolas, “para o fortalecimento da identidade e ancestralidade do povo brasileiro por meio do reconhecimento político, econômico e sócio-cultural dos griôs, mestres e mestras da tradição oral”.
O Ponto de Cultura Cantiga de Ninar está empenhado nessa campanha de valorização da cultura popular e tradicional. Rola uma proposta de projeto de lei de iniciativa popular a ser apresentado no Congresso Nacional, instituindo essa política de reconhecimento dos mestres griôs. Para que isso se concretize, precisamos de alguns milhões de assinaturas de brasileiros de todos os estados. No Ponto de Cultura Cantiga de Ninar estamos disponibilizando esse abaixo-assinado do projeto de lei criando o Programa Nacional Griô.
É o mínimo que podemos fazer em memória de grandes mestres griôs de Itabaiana, a exemplo de Mala Velha, Arlinda Cirandeira, Biu da Rabeca, Mocó, Pabulagem do Coco de Roda e tantos outros artistas populares da velha Itabaiana. Para garantir que os sobreviventes possam ser reconhecidos e receber recursos para sua sobrevivência, através de bolsas de incentivo concedidas pelo Governo.