Desconforto

Talvez seja por isso que ele quis ir até a uma boate. Talvez ele quisesse somente diversão com mulheres descompromissadas. Estava cansado de devotar sua polidez às garotas certinhas. Talvez quisesse algo mais, quem sabe? Talvez encontrasse isso lá. Coisas incertas que danava a procurar. Nem ele mesmo sabia direito o que procurar. Difícil disser, pensar, cuspir e vomitar algo quando se está perdido, né não?

Antes de compra o bilhete e cair pra dentro, acendeu um cigarro de maconha, que havia comprado numa boca de fumo perto dali, e começou a sua dispersão. Isso fora umas das soluções que encontrou para sair daquele estado de angústia e ansiedade em que se encontrava nos últimos anos. Vivia assim por causa uns trágicos acontecimentos em sua vida. Não conhecia o pai, a mãe era alcoólatra e vivia de porre, o irmão foi assassinado por traficantes; tinha sido expulso da faculdade por desordem, etc. Porém, isso tudo sumia com uma bela tragada ou uma bela cheirada com alguns amigos, bem poucos amigos.

Terminou o cigarro, comprou a entrada da boate e foi atrás de algo que valesse a pena naquela noite. Lá dentro chegou até o balcão, pediu uma cerveja e ficou ali a degustá-la. Sentia que a beer não descia muito bem naquele momento, mas era melhor do que ficar em casa curtido o ócio infernal de se viver no inferno. Dentro da casa havia várias mulheres que davam aos clientes tudo que não conseguiam obter em casa. Todas perambulavam pela boate a vontade, peitos de fora, fio dental, colônia barata surfando no ar e isso tudo ao alcance de alguns contos.

De longe uma garota loira acenou. Taí! A possível diversão da noite. Conversa vai e vem, logo estavam no quarto (nos fundos escuro e sujo. Cheiro forte de urina) se atracando como dois bichos que se encontraram pela primeira, prontos para a batalha. Depois de algum tempo, rolou o pagamento. Porém a loira percebeu algo estranho com aquele sujeito. Não perguntou nada, afinal não estava ali para servir de analista, e sim chupetas e tudo mais.

No caminho de volta para casa, parou para compra mais um barato para terminar bem aquela noite. Iguais a todas as outras, onde tudo, todos e ninguém não possuem nomes, cores, idades e sexo. Embarcou naquela fuga rotineira, deitou-se e apagou, talvez amanhã...