CANTO DE AMOR A FLORIANÓPOLIS

Há exatos 36 anos eu chegava a esta Ilha, depois de atravessar a hoje inoperante Ponte Hercílio Luz – o cartão de visitas de Florianópolis. Era Carnaval e, naquele tempo, havia uma pureza de cidade interiorana que contrastava com os abusos que havia nas ruas centrais de Porto Alegre, cidade de onde eu saí.

Esse dia 19 de fevereiro de 1974 ficou marcado na minha vida como uma espécie de “divisor de águas” que alterou os acontecimentos , numa espécie de efeito dominó, trocando uma monotonia a que eu estava habituada, desde muitos anos, para um delicioso torvelinho de experiências e realizações.

Para quem jamais havia participado de qualquer evento que não envolvesse o mesmo circulo de amigos e parentes, sempre em reuniões familiares, tradicionais e previsíveis, minha cerimônia de debutante na vida social florianopolitana, aos 36 anos de idade, foi ensaiando o desfile das moças candidatas ao título “Garota Turismo de Florianópolis/74”, no Lira Tênis Clube.

Fui levada a essa tarefa por um novo amigo que eu fizera, Vicente Impaléa Neto, na época Relações Públicas da Prefeitura. Muito extrovertido, simpático e criativo, Vicente me anexou ao seu grupo de eventos sociais e esportivos e, dali para outras atividades foi inevitável. Houve, então, esse concurso do Lira e eu estava só olhando o meu amigo que tentava orquestrar o desfile, mas era sensível sua inexperiência. Muito “metida”, comecei a dar opiniões. A certa altura, ele vira-se para mim e diz: “vem aqui fazer...”

E eu fui... não é que deu certo?

Consegui montar uma coreografia (as meninas eram muito atentas e seguiam minhas orientações) e atingimos uma coordenação satisfatória, dada a minha prática no assunto – que era zero. Alguns anos depois, fiz o mesmo no SESC por ocasião de um concurso da Mais Bela Comerciária e, mais outro na escola da minha neta mais velha. Agora mais tarimbada...

Depois dessa intromissão na área das passarelas, fazer amizade com o pessoal de teatro, artistas plásticos, jornalistas e uma incontável série de vernissagens, estréias e, ainda, oportunidades para atuar em diversas frentes sócio-culturais

um mundo novo abriu-se para aquela mulher sem perspectivas

que havia descoberto uma ilha cheia de portas e janelas abertas, como se a estivessem esperando para mostrar seus

encantos, amigos, amores e magia – muita magia...

Florianópolis, minha Ilha amada, sou grata por haver sido aceita pelo teu povo. Hoje e sempre eu digo com sincero orgulho: metade da minha vida é tua!

Obrigada, minha Ilha!