O VALOR DE CADA UM

O VALOR DE CADA UM

Jorge Linhaça



Ao longo da estrada da vida cruzamos com pessoas de todos os tipos.

Alguns são apenas companheiros ocasionais de viagem e na primeira encruzilhada ou bifurcação seguem um caminho diverso do nosso.Às vezes basta que alguém os chame para que nos deixem "falando sozinhos" pois estão sempre me busca de novidades e de alguma "vantagem" que possam obter.

Às vezes até os reencontramos mais adiante.

Outros apenas vemos sentados à beira do caminho à espera de sabe-se lá o que. Destes alguns esperam apenas por "dois dedinhos de prosa" para se animarem e continuarem a sua jornada. Algumas vezes nos dispomos ( uns mais , outros menos) a estender nossa mão e caminharmos com eles; outras vezes nem sequer chegamos perto, apressados ou distraídos que estamos com nossos próprios problemas.

Existem aqueles que acabam sendo nossos companheiros por um longo trajeto de nossa jornada, caminhando lado a lado conosco, trocando experiências , edificando-nos e sendo edificados numa simbiose plena.

Os que realmente convivem conosco, ainda que os caminhos ou descaminhos da vida acabem por nos afastar, por certo que nos reencontrarão com alegria mais adiante.

A estrada da vida é como uma grande cidade cheia de ruas, avenidas , vielas e becos, ao longo dos quais existe uma infinidade de casas, casebres, edifícios e mansões.

Cada qual é atraído para eles, de acordo com os valores interiores de cada um ou apenas para agradar a multidão.

O valor de cada pessoa reside não na quantidade de bens materiais acumulados, embora muitos acreditem que isso é que faz a diferença em suas vidas.O valor das pessoas reside naquilo que elas são, na sua capacidade de doar de si sem se importar com as recompensas que isso possa ou não lhes trazer mais adiante.

Claro que um pouco de conforto material não faz mal a ninguém, o que destrói os valores pessoais e da sociedade é a ganância e a cobiça de desejar cada vez mais, de nunca estar feliz com as coisas que possui.

Um exemplo simples e concreto disso é a indústria de celulares. A velocidade com que se lançam novos modelos é impressionante e, a cada lançamento, milhares ou quem sabe milhões de pessoas correm para comprar a novidade, embora suas gavetas já estejam cheias de aparelhos ainda plenamente funcionais.

Não se trata de uma necessidade prática de se comunicar, mas sim de uma busca por status e aceitação social.

O mesmo ocorre com muitos outros itens que são "sonhos de consumo". Existe , nos dias de hoje , uma tendência de procurar preencher "aquele vazio interior " adquirindo bens.

Eu fico muitas vezes pensando sobre a necessidade que algumas pessoas sentem em ter dezenas e até centenas de pares de sapatos que acabam por usar uma ou duas vezes e depois jazem esquecidos num armário qualquer.

O vazio, no entanto, persiste e resiste , levando-os a repetir ciclo por infinitas vezes.

Lógico que cada um tem os seus próprios valores, alguns fruto do tipo de educação que tiveram e outros oriundos do grupo social que frequentam ou mesmo do "massacre" da mídia a que estamos sujeitos diuturnamente.Para qualquer lugar que nos voltemos encontramos mensagens do tipo: Compre, compre, compre...aproveite a liquidação...Claro que quando compramos o que necessitamos nada mais fazemos do que atender as nossas necessidades reais mas, quando compramos por impulso ou porque nossos amigos ou ídolos tem este ou aquele objeto ou aparelho sucumbimos à síndrome do desperdício.

Se cada pessoa buscasse encontrar os seus próprios valores interiores com a mesma intensidade e ansiedade com que busca as coisas materiais, haveriam menos pessoas com esse " vazio interior" escravizadas pela necessidade de aceitação popular ou social.

A vida não é um Big Brother onde estejamos confinados e com opções restritas, não somos obrigados a conviver com determinados grupos de pessoas e temer sermos "emparedados"com medo de não recebermos nosso prêmio final. Somos livres para fazer nossas escolhas e, por vezes optamos apenas por seguir o caminho mais cômodo,com medo de sermos considerados fracassados ou perdedores.

Cada ser humano traz dentro de si valores específicos que lhe foram conferidos por Deus, desenvolve-los ou não cabe a cada um de nós. O livre arbítrio pode ser uma benção ou uma maldição na vida de casa pessoa, dependendo de qual caminho cada um escolhe trilhar.

Todos nós temos a capacidade de pesar nossos atos, avaliar nossas ações em busca de um equilíbrio na balança da justiça.

Sempre há tempo de revermos nossos valores, de tomar outra estrada ou não.Por que não tentar?

Arandu,11 de fevereiro de 2010