Humor
Sabe, as vezes acho que meu humor é uma parte separada do meu ser, é uma entidade à parte que perambula por aí e adora sair pela minha boca nos momentos inadequados além de não dispensar uma boa oportunidade de adquirir sua casa própria em uma crônica. Sabe o pior de tudo? Eu acho que meu humor é um cara.
Caras perto de caras só significa uma coisa: competição. Caras não são amigos, “colegas” e “josés” são amigos, um cara é meu competidor, ou seja, meu humor compete comigo. Competimos por tudo como dois caras: pelas mulheres, pelo espaço, pela vez de falar e principalmente por quem vai contar a ótima piada do garoto sem braços que nós dois conhecemos. Eu estou ficando com raiva do meu humor.
Eu me mordo de ciúmes desse cara, ele é inteligente, ele sabe agir sozinho, sabe se expressar e passar uma cantada, enfim, me deixa no chinelo, me sinto no fundo do poço. Todo santo dia ele sai pra passear por aí como se fosse pra exibir seus “músculos de ironia” vestindo suas roupas recém compradas de boas idéias no seu carro de sarcasmo.
Temos que admitir que temos concorrentes do mesmo sexo que se interessam pelas mesmas coisas mas temos de admitir também que ter o humor como concorrente é apelação, é deslealdade, é falta de ética e fair-play. Com o meu humor não dá pra competir, acho que vou ter que tomar medidas drásticas. Conversas amistosas nunca deram certo pois o cara é muito pedante e sarrista, não dá pra conversar sério, to pressentindo uma baita briga.
Ou eu me separo dele de uma vez pois essa amizade não está rendendo bons frutos ou ele me deixa ganhar de vez em quando, me deixa paquerar uma garota sem interferir e me deixa contar a piada do garoto sem braços ao menos uma vez por semana, se não nada feito, ele vai ter que procurar outro lugar pra morar. E eu não quero saber dele me deixar ganhar do mesmo modo que me deixou outras vezes por pura sacanagem, ele saía de cena, me deixava sozinho e com cara de nada, fui taxado de chato.