A CALMA DA ETERNIDADE.

A calma da eternidade não está tão longe como pensamos. Podemos ouvir seu silêncio confortador sem mergulhos meditativos interiorizados pela introspeccão, distantes do burburinho do nada ao qual nos entregamos no quotidiano, que assalta nossas emoções mais nobres não as deixando se expandirem, esvazia o sentimento que deve ser sentido, esvai as forças que sedimentam o lado positivo da vida, faz sombra da luz que queremos enxergar e a correria nubla, não permitindo o acesso à calma por todos desejada.

Não é preciso estar diante do “bleu de Chartres”, famosos vitrais da histórica Igreja de Chartres, tantas vezes reedificada, da imensidão do Templo do “Vale de Los Caídos” em Toledo, Espanha, do inigualável dom de Bernini em Roma exposto pelo “Extase de Santa Thereza D’Avila”, ou na pequenina Igreja de Santa Maria del Popolo, que poucos visitam na cidade eterna, para deleitar-se com “A Crucificação de São Pedro” ou com “A Revelação de São Paulo” do mestre Caravaggio, escondidos em sacristia lateral escura, ou em tantas outras igrejas, templos de tantas revelações, para estar próximo da calma da eternidade, basta entrar em qualquer Igreja, mesmo em frente a grandes avenidas de tráfego intenso, em templos vazios, que se poderá ouvir a calma da eternidade.

Essa calma invade nosso espírito sem necessidade de ausentar-se o ciclo do pensamento pelas técnicas meditativas, tomando posse integral de nosso ser o silêncio do desconhecido, independente do credo a que nos entregamos ou ao culto dos ícones presenciais esculpidos e expostos aos devotos.

Estamos “vis a vis”, face a face ao que todos procuram mesmo sem consciência da procura, a paz.

É essa paz que traz o descanso, a mesma paz que o corpo e a mente cansados encontram no sono, necessário e vital, a mesma paz que o espírito solto do corpo vai encontrar no desconhecido subindo a montanha; a supremacia da grande energia que recepciona e doa a calma absoluta, eterna, a mesma que nos foi legada pelo dom da vida e lacrada de inacessibilidade à inteligência da criatura, segredo do criador.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 18/02/2010
Código do texto: T2093239
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