"CONFETES E SERPENTINAS" Crônica de: Flávio Cavalcante

CONFETES E SERPENTINAS

Crônica de:

Flávio Cavalcante

Quando os clarins explodiam seus sons reais, anunciavam a chegada do rei Momo para dar início á primeira noite de carnaval. A chave da cidade era entregue ao prefeito para a abertura dos portões magistrais para a entrada dos foliões. Todos a postos para o início da grande festa carnavalesca.

Toda a cidade era inflamada pela grande festa de rua do ano. O local da entrega da chave se tratava de um palanque feito de madeira em meio á uma praça e os convidados para testemunha da festa eram celebridades da dita cidade, postos também em cima do palco improvisado para recepcionar o grande rei, que era representado sempre por algum figurão da cidade com alguns quilinhos acima do normal.

Os clarins tocavam fazendo o coração dos foliões pularem de emoção. Era chegado mais um carnaval para deixar marcado com toda nobreza de mais um ano de muita folia e alegria. A cidade se concentrava inteiramente no meio da praça. Muitos foliões á caráter e com talco na mão para o famoso mela-mela. Na época todos brincavam felizes e não tinha problema de violência alguma.

Assim que o sol descia no horizonte era um aviso para que os foliões se preparassem para o baile de carnaval no clube da cidade. Aí já se tratava de um ambiente mais socializado. As fantasias eram mais caprichadas. Cada um folião se transformava em algum personagem de história em quadrinhos, bruxos, fadas, princesas e príncipes, pierrôs e colombinas. Figurinos no capricho á gosto dos foliões. Cada um queria se mostrar de forma diferenciada.

O porre do lança perfume era típico da festa. O efeito era de uma viajem longa ás estrelas. O som da orquestra sumia dos nossos ouvidos como se o nosso espírito voasse até as estrelas e depois ia voltando como um despencar de um precipício. A volta era calorosa e todos tomavam estes porres sem problema algum. O salão era colorido de confetes e serpentinas lançadas ao ar. Se via a alegria estampada nos rostos dos foliões. Famílias brincavam a noite toda com muita alegria numa brincadeira saudável, inocente e feliz.

Como tudo que é bom passa rápido, infelizmente a miserável quarta feira de cinzas dava o seu parecer para toda uma infelicidade do folião que sabia curtir um bom carnaval. O mundo todo se curvava diante dessa festa que fazia questão de manter as suas tradições. Como diz a letra do frevo “É DE FAZER CHORAR, QUANDO O DIA AMANHECE E EU VEJO O FREVO ACABAR, OH QUARTA-FEIRA INGRATA CHEGA TÃO DEPRESSA, SÓ PRA CONTRARIAR”. Era dessa forma, realmente; mas o tempo apagou com a festividade que era uma felicidade para todos e motivo de choro quando acabava. Hoje é motivo de choro, com muitas vítimas de morte na quarta-feira. O palco feliz virou nos atualmente palco de guerra e foliões viraram delinqüentes que aproveitam para expor seus atos animalescos. Uma festa de medo, tormento e de dor.

Hoje posso dizer com todas as letras, que quem viveu um carnaval com essa discrição que acabei de relatar, sabe a saudade que hoje temos dos tempos de outrora. Hoje em dia é muito barulho e letras de baixo calão que induz a mocidade a praticar o ato sexual em pleno baile que eles chamam de carnaval. Se o mesmo acontecesse em tempo atrás, seria uma vergonha perante toda uma sociedade e o barulhento compositor que eles chamam de cantor falante, estaria cumprindo pena dentro de um xadrez, para aprender a respeitar a sociedade e mostrar que no país a lei funciona mesmo.

HOJE CARNAVAL É SINÔNIMO DE BADERNA, E O PIOR, A LEI FECHA OS OLHOS PARA ISTO... INFELIZMENTE.

- FIM -

Flavio Cavalcante
Enviado por Flavio Cavalcante em 18/02/2010
Código do texto: T2093018
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