Ele quis voltar...
Ele quis voltar...E ela aceitou... Não sabia porque, mas aceitou.
Mentira! Sabia sim...Sua vida inteira aceitou o que era certo ou o que aprendeu que era certo, muitas vezes sangrando por dentro, sem um único sorriso por fora...
Apesar de estar bem feliz sozinha, o certo era seu filho ter um pai que dormisse na mesma casa, que todos os dias estivesse à mão, que a mesa fosse quem fizesse as orações antes das refeições, que aos sábados fosse jogar tênis com ele, que aos domingos depois da missa o levasse para a praia, para o clube, e junto com ela o ajudasse a ir descobrindo que viver é uma aventura única, intransferível, pessoal e mágica. E, por isso foi feito. Voltaram.
O início foi engraçado ... Engraçado?! Ahahah...Foi horrível. Durante o dia o silêncio era cheio de conversas. A noite, a cama...era a cama...tava lá. Mas nada era como antes.
Tirando os momentos com seu filho, quando realmente a felicidade a abraçava, acarinhava, dava colo, fazia cafuné e injetava o ânimo de que precisava para não perder a lucidez, era no trabalho que ela conseguia manter sua identidade...Uma mulher ainda jovem, resolvida profissionalmente, competente, adorando o que fazia, em franca ascensão profissional... Aí sorria e gargalhava da vida madrasta que levava.
Mas o que está certo nem sempre é o que consegue se sustentar e um ou outro lado se cansa da mesmice, da falta de perspectiva e a relação que já sofria da falta de tudo, um belo dia tem seu momento de verdade e então não há como manter o que não existe e os envolvidos descobrem que ninguém pode ensinar a uma criança sobre felicidade, sendo infeliz... Falar a uma criança sobre a plenitude do amor, se não a conhece...Falar a uma criança sobre verdade, se vive uma mentira...
Depois de encarar os problemas que porventura estaria causando a seu filho, ela não titubeou e desta vez foi ela quem agarrada a mãozinha de seu pequeno e com uma mala na outra deu as costas ao que era certo e foi em busca do correto, para ela e para sua criança.
(Maria Emilia Xavier)