BELEZAS DE UM POVOADO

BELEZAS DE UM POVOADO

Quando cheguei no povoado era manhã. Vi em algumas casas rústicas a fumaça nas chaminés, um cheiro de tempero convidativo, uma canção sertaneja cantarolada por uma cabocla e o gorjeio de um canário lamentando sua sorte, preso numa gaiola.

Caminhando pelo povoado de ruas irregulares, de terra batida e de lajotas é que eu pude observar detalhadamente a beleza de um povo simples, mas feliz.

Vi casas caiadas de branco, quintais imensos cercados com taquara, canteiros de hortaliças, mangueiras, jabuticabeiras, pitangueiras, abacateiros e uma infinidade de espécies cítricas com seus diversos sabores e cores. Galos e quintais, flores e frutas.

A beleza das moradias estava na singeleza e os detalhes mais belos eram justamente as flores nas jardineiras, nos tufos de trepadeiras, nas heras, nos jasmins, nos manacás perfumados, nas roseiras, nas palmas coloridas, na vegetação rasteira de hortelã, de poejos e alecrim.

Nos bancos toscos nas calçadas irregulares vi senhoras idosas bordando nos panos de saco, ora tagarelando, ora perdidas em pensamentos. Saudades quem sabe.

Nas ruas poeirentas, de vez em quando passava uma carroça, caminho da roça, caminho da feira ou então trazendo mantimentos para o empório local.

Na única pracinha arborizada por imensos flamboians, ficam os bancos de concreto com as propagandas impressas do comercio local. Vi o coreto que recebe a bandinha musical nas noites de domingo, embalando os sonhos de jovens enamorados que passeiam de mãos dadas.

Povo simples, povo ordeiro, tranqüilos, felizes na sua simplicidade. Meninas lindas, caboclas bem feitas com seus vestidos de chita coloridos, seduzindo com seus olhares, enfeitiçando com o seu gingado os pobres moços apaixonados.

Na vendinha pintada de branco com suas portas de madeira, balcão de pinho velho, atende um velho português, vendendo carretéis de linha, botões, fitas coloridas, papel de seda, água de cheiro barata e mercadorias a granel.

Povoado pequenino, onde os meninos no fim da tarde, voltam fagueiros das pescarias, trazendo junto com seus apetrechos uma fieira de lambaris, saicangas e caranguejos.

Venda, empório ou armazém, sempre tem um cachorro magro deitado na porta, um bêbado falante com um copo de cachaça, conversas , mentiras e troças do povo do sertão.

Cidade pequenina com suas heranças, bordadeiras, costureiras,beatas rezadeiras e uma dona Maria benzedeira que em todos os recantos tem.

Cidadezinha, aldeia do interior incrustada nas serras , que vê o sol nascer por entre as brumas da manhã e deixa se levar por uma felicidade inexplicável quando no crepúsculo vermelho o sol se esconde por trás dos montes.

Pequenino povoado, Deus abençoe esse lugar.

Techodelogte
Enviado por Techodelogte em 17/02/2010
Reeditado em 23/02/2010
Código do texto: T2091953
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