Lua de São jorge
lua deslumbrante
azul verdejante
cauda de pavão...

(trecho da canção de Caetano Veloso)

Herdamos dos nossos avós  portugueses,dos índios e dos negros nossa fascinação pela lua.
Considerada a mãe dos vegetais,estimula o crescimento,o desenvolvimento,não só das plantas,mas,dos cabelos,das unhas e até da própria fortuna,através das “simpatias” feitas durante a lua nova.Mostra-se uma nota para que a lua a multiplique:
Deus te salve,lua nova
Que vens lá do Oriente;
Quando fores que vieres
Trazei-me dessa semente.!
Em Portugal,mostrava-se uma moeda à lua,suplicava-se:
Lua Nova
Tu bem vês
Dá-me dinheiro
Para todo o mês.
Benze-te Deus,Lua Nova
De três coisas me defendas:
Dor de dente
Água corrente
Língua de má gente!
 
Ainda em Portugal de antanho,do tempo dos afonsinhos,como dizemos,acreditava-se muito ,também,nos malefícios da lua,chamados de luada.
Era proibido às mulheres grávidas dormirem banhadas pelo luar,pois,o filho sairia “aluado”,ou seja,débil mental.
No Brasil colonial a Lua costumava ser tomada para madrinha das crianças; talvez pela sua alvura,associada aos cabelos brancos,doçura,cuidados das velhas madrinhas risonhas e maternais.Talvez esta apresentação das crianças à Lua seja fruto de um antigo culto à Diana, ou Ártemis,deusa da lua.
A bênção Dindinha Lua
Me dê pão com farinha
Para eu dar à minha pintinha
Que está presa na cozinha.
Luar,luar
Toma teu andar,
Leva esta criança
 e me ajuda a criar, depois de criada
torna a me dar.
Os indígenas mais bravos eram os devotos da lua a quem chamavam Jaci.Contavam o tempo pela lua,não caçavam nem matavam veados em noite de lua cheia, pois,o veado e a corça eram  animais consagrados à Diana;invocavam-na até para favorecer amores:
Eia,ó minha mãe Lua
Fazei chegar esta noite ao coração dele a lembrança de mim.
Lua nova,lua nova,assopra em fulano minha lembrança; eis-me aqui,estou em tua presença;fazei que somente eu,ocupe seu coração.
Garotas apaixonadas,vocês não perdem nada em repetir esta oração.
No tempo da moda de cabelos compridos,diziam as mocinhas:
Deus te salve,lua nova
Deus te dê boa ventura;
Fazei que meu cabelo cresça
Que me bata na cintura.
Os portugueses acreditam que S. Jorge mora na lua,montado no seu cavalo e matando o dragão da maldade.
Os antigos temiam o eclipse da lua;o povo ia às ruas,apavorado,tocando tambores,batendo em latas velhas,soltavam foguetes,e atiravam com espingardas para matar o bicho que estava comendo a lua.
 
Fantásticas são as primitivas previsões meteorológicas sobre a influencia da lua no clima e,quase sempre acertadas.
Lua nova,trovejada,
Oito dias de molhada;
Se ainda continua,
É molhada toda a lua.
 
Lua nova de agosto carregou,
Lua nova de outubro trovejou.
Lua fora,lua posta,
Quarto de maré na costa;
Lua nova,lua cheia,
Preamar às quatro e meia.
Lua empinada
Maré repontada.
Céu limpo e lua no horizonte
De lá te virá o vento.
Se vires a lua vermelha
Põe a pedra sobre a telha.
Lua com circo (círculo)
Água trás aos bicos.
 
E os conselhos:
Quando míngua a lua
Não comeces coisa algüa.
No Brasil de hoje a lua ainda é dos namorados e o luar favorece o romantismo dos beijos e dos afagos.
“Tomo um banho de lua
Fico branca como a neve;
Se o luar é meu amigo,
Censurar ninguém se atreve...”
 
 
 
 
 
Miriam de Sales Oliveira
Enviado por Miriam de Sales Oliveira em 17/02/2010
Código do texto: T2091336
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