O Som da Minha Alma

Era uma manhã qualquer e eu sozinha apenas a ouvir o som da minha alma. Um som diferente, alegre, ansioso, triste e feliz. Era o som da esperança de um novo dia. No entanto, o som da experiência não vivida, do sorriso não dado, da lágrima não enxugada e das mãos não estendidas. O grito de uma voz abafada que não sabia que a esperava A minha alma é assim, vezes vazia, vezes transbordando. Uma alma igual a sua, com sonhos não vividos, palavras não faladas, emoções não demonstradas, abraços não dados e uma enorme vontade de mostrar ao mundo por quê está aqui.

Ser alma é estar alma. Ser alma é olhar intrinsecamente e acreditar que pode amar mesmo não recebendo nada em troca. Estar alma é viver cada minuto e aproveitar cada oportunidade que a vida apresenta. Ser alma é renascer depois da morte súbita. É olhar para o horizonte e ainda acreditar, que embora as circunstâncias me digam não, que há vida enquanto houver fôlego.

Uma alma intransigente e transigente. Essa alma que chora a dor alheia e sorri com a vitória dos amados seus. A alma defeituosa e carente. Aquela que precisa de afeto e atenção porque não sabe viver só.

O som do desespero ecoa dela e lágrimas escorrem na face entristecida. Que som é esse? Que música dedilha pelas cordas de minha alma? É o som dos lábios que calam-se diante de uma ofensa, mas é o grito gritado na defesa de um injustiçado.

Alma que não se cansa e não se deixa intimidar. Alma que mesmo sangrando encontra forças para ouvir a dor de um desconhecido. Pequena e incompreensiva alma. Odiada e amada alma. Minha alma, minha alma é a minha alma.

Oswaldo Montenegro? Roupa Nova? Fábio Júnior? Ou será Tim Maia? Qual é o som dessa alma que emite sons que nunca se encontram? Será que é o som daquela que um dia foi menina, mas mesmo depois de grande nunca deixou de sonhar?

Ou talvez, seja a alma de mãe, amiga, professora, filha, esposa, irmã... Não importa é alma e é a minha alma. Dentro dela há marcas que nunca se apagam. Decepções jamais esquecidas. Mas, dentro dela há emoções jamais trocadas e experiências únicas vividas.

Também há pessoas esculpidas nas suas paredes e nas ruas dessa alma há perguntas sem respostas.

Vaga-se essa alma e não sei qual caminho seguirá. Sabe-se apenas que é alma e na ânsia de procurar a direção certa, viu-se obrigada a diminuir os passos no percurso da vida.

Não encontrei as respostas certas para definir a minha alma e nem tão pouco saber de onde vem cada som ecoado por ela, mas o que sei é enquanto existir essa transparente alma, se fará presente no espaço e na vida de quem a chamar.