Apagão pode fazer bem!

Ontem tivemos um dia “infernal” de quente, aliás, por aqui o calor não tem dado trégua, há dias em que a sensação térmica chega aos 50º deixando qualquer um com os neurônios assados, para refrescar o fim de tarde nos brinda com uma bela chuva de verão com direito a raios e trovões, vendavais tem sido uma constante, as lojas de materiais de construção fazem a festa com vendas extras de todos os tipos de coberturas.

Já estamos habituados a ver árvores caídas nas ruas e calçadas, casas destelhadas, sujeira de folhas nas ruas então... Parece confete em dia de carnaval, só não estamos acostumados com a falta de energia elétrica após as tempestades.

Houve hoje uma tempestade com vendaval e acabou a energia elétrica, eu tinha uma palestra às vinte horas, a energia elétrica ainda não havia voltado, mas poderia voltar a qualquer momento então resolvi que iria me arriscar.

Resolvemos ir a pé, minha irmã decidiu ir também, pois estava “fresco” e então levamos as crianças conosco, durante o trajeto me impressionou quantidade de pessoas que estavam com suas cadeiras expostas nas calçadas, muitas delas acompanhadas de pessoas idosas as quais suponho sejam seus pais, mães empurravam carrinhos de bebe ao longo da avenida enquanto tagarelavam com as amigas que as acompanhavam, o parque estava cheio, de longe ouvia-se gargalhadas e gritos de dezenas de crianças que ocupavam o parque da praça enquanto os pais ocupavam os bancos ou corriam atrás de seus filhos, confesso que fiquei impressionada com o número de pessoas que saiu as ruas, havia um vento maravilhoso, aquele bem “geladinho” que costuma vir após a chuva, dentro de casa o calor estava insuportável.

Houve a palestra, foi usado luz de emergência, e então saímos de lá já tinha passado das vinte e uma horas, achamos que estava muito escuro tomaríamos um taxi para voltar, mas aos poucos os olhos se acostumaram e decidimos que caminhar a noite e sem luz seria algo diferente e bastante divertido para as crianças, a luz que víamos era somente dos faróis dos carros que por nós passavam, eram poucos e andavam em baixa velocidade.

O percurso chega a três quilômetros, todas as residências estavam às escuras, se durante a ida já havia muitas pessoas nas ruas, agora todas estavam nas calçadas em frente as suas casas, pais e filhos conversavam animadamente enquanto as crianças brincavam de esconde-esconde ou pega-pega, meninos brincavam fazendo chuva de fogos com Bombril, enfim meus olhos contemplavam uma harmonia nunca vista em meu bairro, a paz reinava absoluta, o céu azul encoberto de nuvens brancas dava um espetáculo de luzes, relâmpagos surgiam no horizonte iluminando o caminho enquanto ouvia-se trovões longínquos como melodia da própria natureza.

Quase entrando em casa minha filha disse:

Mãe, que dia lindo! Jesus ta tirando fotos da gente né mãe! (Eu digo a ela que relâmpagos são flash de câmera fotográfica, é para ela não ter medo)

Respondi a ela que sim, que Jesus estava apenas tirando fotos.

Deitei-me, nenhum ruído, escuridão total...

É Deus deve estar de fato muito feliz, esta harmonia que se espalha pelos arredores, sem novelas, computadores, ar condicionado... sem energia elétrica...

Até as quatro da manhã a única energia que tínhamos era a humana, e cada um a sua maneira acendeu a sua luz interior.

khayssa
Enviado por khayssa em 16/02/2010
Código do texto: T2090125
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