Um grande Talento

Quando hoje vemos qualquer jogador ser rotulado como craque, lembro-me de Julinho.

Certa vez, em 1950, fui a São Paulo com meus pais, para visitar a família do meu tio Santo Rossato. Sua casa ficava na rua Paraibuna.

Lá, conversando com os meus primos, fiquei sabendo que o Angelim, que era mais velho que eu três anos, que estava com 21 anos, havia recusado uma proposta do C. A. Juventus, para assinar um contrato como profissional.

O primo Angelim, na várzea de São Paulo, era conhecido como “Friaça”, em lembrança ao jogador da Seleção Brasileira de então. Angelim fazia muitos gols e havia sido aconselhado por um jogador do C. A. Juventus, ainda muito jovem, que não perdesse aquela oportunidade do clube da Moóca. Esse jogador ainda disse ao primo Angelim:

“Ai faremos uma boa dupla, juntos, ponta e meia direita. Você tem um grande futuro no futebol, pois poucos fazem o que você fez. Ir fazendo gols no primeiro teste, na frente de Caxambú, Pascoal e Osvaldo; Luizinho, Og Moreira e Antunes. Fique aqui conosco.”

Mas o primo Angelim não ficou por que tinha de se dedicar somente ao Clube, e o ganho não era muito. Talvez trabalhando onde estava ganharia muito mais.

E acabou no Quinta da Paineira, uma equipe da várzea paulistana, jogando bem, marcando muitos gols e fazendo o que gostava.

O moço que estava começando no Juventus era Julio Botelho.

Ele foi um dos maiores pontas do Brasil. Logo estaria na Portuguesa de Desportos, onde tomaria parte da maior equipe da Portuguesa de todos os tempos, em 1952: Muca, Nena e Noronha; Djalma Santos, Brandãozinho e Ceci; Julinho, Renato, Nininho, Pinga I e Simão.

Julinho também jogou na Fiorentina, da Itália, e ainda deu muitas vitórias ao Palmeiras. Jogou sempre com muito destaque nas Seleções Paulista e na Brasileira.

Ele jogava no Juventus da Rua Javari, com Caxambú, Pascoal e Osvaldo; Luizinho, Og Moreira e Antunes; Julinho, Carbone, Milani, Periquito e Luiz, geralmente orientado por Gim Lopez, um grande treinador.