LUZES DA RIBALTA

"Luzes que se apagam, nada mais..." Ah! Luzes da Ribalta me toca à alma! Além da emoção que me desperta, lembra-me o grande Carlitos. Carlitos que, a meu ver, foi o maior gênio da história do cinema, porque nos ofertou pérolas, numa época sem ajuda da tecnologia. Tecnologia tão avançada que faz, hoje, a sensação dos filmes que, na verdade, se destacam mais pelos efeitos do que pela interpretação do artista.

Charles Chaplin fazia de tudo ao rodar um filme. Era roteirista, diretor, ator e atuava em todos os quesitos, na produção de suas obras. A época do cinema mudo foi sua glória e, por isso, passou para a posteridade. Seus filmes, baseados na expressão visual, emocionam, porque ele, como ninguém, soube passar sua alma, sem palavras, apenas com o sentimento. Quem não conhece seu famoso caminhar com aqueles sapatos enormes, seu bigodinho aparado, sua cartola, sua bengala? Quem nunca chorou ao assistir obras primas desse pequeno grande palhaço notável? Seu filme "Tempos Modernos" (1936), marcou pela mensagem social da mecanização do trabalhador, numa época em que as leis trabalhistas deixavam os mesmos à mercê dos grandes fabricantes. Foi até taxado de comunista por isso! A cena em que ele trabalha, batendo freneticamente (acho que em pinos) numa esteira que passa velozmente, mostra a dureza dos primeiros tempos da divisão do trabalho. Meio "automatizado" ele sai para a rua e começa a dar marteladas nos botões dos casacos dos transeuntes. Reflexo condicionado...

Todos os seus filmes, se hilários pelas situações, passam uma mensagem séria e crítica das coisas do mundo. Enquanto destaca as injustiças sociais, mostra toda a necessidade que o ser humano tem de carinho, compreensão e solidariedade. Alertando que o homem não é uma máquina a serviço do homem. Que o trabalho deve ser respeitado, dar dignidade ao homem e o sentimento do trabalhador valorizado. Enfim, fez a sua parte, por um mundo mais humanizado.

Não sei porque lembrei-me de Chaplin e seu Carlitos, hoje. Talvez porque estamos em pleno carnaval, época de fantasias, de máscaras, de ilusões. Ou será que é porque me sinto, neste Brasil de tantas falcatruas e injustiças, um palhaço das perdidas ilusões?

*Vidas que se acabam a sorrir

Luzes que se apagam, nada mais

É sonhar em vão tentar aos outros iludir

Se o que se foi prá nós

Não voltará jamais.

Para que chorar o que passou

Lamentar perdidas ilusões

Se o ideal que sempre nos acalentou

Renascerá em outros corações.

Giustina
Enviado por Giustina em 15/02/2010
Reeditado em 14/02/2014
Código do texto: T2089012
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