A CASA DA ESQUINA

A casa da esquina.

Esta casa ficava na esquina da Rua das Flores, porém de flores só tinha o nome, pois nunca vi nenhuma flor nela. Mas falando da localização da rua Rua das flores com uma pequena rua que vai dar na rua da estação de trem. Era uma casa grande e velha. Na casa tinha uma venda, venda na minha cidade era um simples mercadinho, com poucas mercadorias. Meu pai sempre foi um pequeno comerciante. Morei dos cinco aos sete anos nessa casa. Tenho muitas lembranças de fatos bons e tristes que aconteceram durante o tempo que aí morei. Minhas melhores lembranças são das festas Natalinas. Sabia que se aproximava o Natal, não como as crianças sabem hoje: pelas propagandas na televisão, rádios, pelo calendário escolar e outros. Sabia que se aproximava o Natal, pois as pessoas na minha cidade faziam certos doces, apenas no Natal. Quando eu entrava na casa de minhas amiguinhas, eu via a mãe delas ralando cidra, raspando figos e fazendo uma cruz com a faca na parte contrária o cabo da fruta. Eu era bem nova quando observava esses fatos. Não me lembro de minha casa ter um calendário, talvez nem tivesse. Como não sabia quanto tempo faltava para o grande dia, eu ficava muitos dias antes, colocando meu sapatinho atrás da porta, na esperança de ganhar alguma coisa do Menino Jesus. Minha mãe não gostava de falar em Papai Noel, ela era muito religiosa. Sabe o que nós ganhávamos do Menino Jesus? Só me lembro de uns docinhos embrulhados num papel e uma moedinha. Como eu ficava feliz com tão pouco!

Nesta casa morreu minha avó e minha irmãzinha Darci que ainda não tinha um ano de idade.

Nasceu, quando eu morava nesta casa, minha irmãzinha Celina. Já contei sobre seu nascimento no conto: Que pedaço de galinha gostoso?.

Uma lembrança interessante foi quando minha irmã terminou sua primeira cartilha na escola e chegou dizendo: Mãe, a zita já pode ir para o grupo. Já acabei minha cartilha. No dia seguinte fui para o grupo escolar. Sem fazer matrícula, pois ainda não tinha sete anos.

Todas estas boas e tristes lembranças estão bem nítidas em minha memória.

Esta casa foi demolida. Estive na minha terra natal no dia 25 de abril e

fui a casa de minha prima que mora perto dessa casa. Fiquei olhando o local onde ela ficava. Estava cheio de mato. Fiquei olhando para o mato, recordando o que se passou quando eu lá morava.