Evilásio "Fecha-Bar"

Convenhamos. Um cidadão de mais de metro e oitenta, musculatura saliente e com este apelido, não deve ser incomodado.

Evilásio foi um lutador de boxe fracassado. Não podendo usar as pernas, seu forte, levou umas surras de adversários que temiam uma vingança na rua, onde esta regra não faz parte do confronto.

Era um valentão moderado, se é que isto existe. O apelido remontava cinco anos. Por causa de uma discussão com outro valente, Zezinho “Lobo”, que foi chamado por Evilásio de Zezinho “Cachorro”, motivo uma mulata enxutíssima que tomava água mineral, estava calor.

- Eu sou Zezinho Lobo.

- Pra mim é cachorro.

Quando a pancadaria acabou, Zezinho e o bar estavam acabados. Daí surgiu o apelido. “Fecha-Bar” dá medo mesmo.

Um moço de pouco mais de vinte anos discutia com um mais velho, cara de vagabundo, o que ele era realmente. O rapaz estava armado, via-se com facilidade. Da cintura para a mão foi um corisco. Evilásio, que a tudo assistia, ficou na frente do moço.

- Dá esta arma pra cá.

- Ele passou a mão na minha mulher. Tenho filho!

- É por isso mesmo. Conheço você, passa a arma.

Antes de o jovem tivesse tomado consciência do acontecido, a pistola estava sendo usada por Evilásio na cabeça do vagabundo desrespeitador.

Uma morte foi evitada, um filho não teve um pai assassino, cadeia não entrou na história.

Evilásio hoje mora num abrigo para velhos, onde é visto varrendo a varanda grande. Mas tem saudades do apelido...

Jorge Cortás Sader Filho
Enviado por Jorge Cortás Sader Filho em 15/02/2010
Reeditado em 15/02/2010
Código do texto: T2088051
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