Quem casa . . .

QUEM CASA . . .

Quem casa reconhece em si que precisa do outro para ser felizardo.

Quem casa confessa sua debilidade de que só se completa com o outro, quando se casa sabendo disto impera melhor dialogo, mais cumplicidade e menos apego entre um e outro simplesmente porque ambos atuam de acordo consigo mesmo no que diz respeito a uma verdade e situação comum.

Quem casa reconhece que lhe falta algo para estar inteiro e que precisa do outro para completar-se.

Quem casa não precisa encostar-se, não deve acomodar-se, não pode acostumar-se ao outro e esquecer de si porque pode ser sacudido violentamente de uma hora para outra.

Quem casa, mesmo sabendo que não é inteiro, pois só se completa com o outro, mesmo assim . . . precisa buscar, encontrar, descobrir, criar sua completude, cria-la do nada se for preciso . . . mas nunca agir perante o outro como se não, ou, ignorando que, necessita dele, aparentando uma completude que não tem.

Quem casa não deve agir perante o outro como se o outro fosse tudo porque o dia que o outro não estiver encontrar-se-á no nada de si mesmo que ele próprio alimentou.

Quem casa e não reconhece sua fraqueza de incompletude atuando tiranicamente sobre o outro levando a acreditar que é o outro quem precisa da relação e encabrestando-o nesta falsa crença e ao mesmo tempo se agarrando ao casamento fazendo alarde de uma completude que não tem, está realizando um jogo duplo que pode vir-se-lhe encima revelando de uma hora para outra toda a extensão de sua fraqueza de incompletude.

Quem atua assim terá mais dificuldades em vencer sua própria fraqueza de incompletude porque se mente vendo a si próprio completo por todos os lados dele, como sendo ele o único centro do casamento.

Quem casa e sabe completar o outro, é grande.

Quem casa e sabe completar o outro no que o outro precisa e é e sabe também encontrar sua completude no outro, é maior ainda.

Quem casa e utiliza o outro para completar-se a si próprio sem lhe importar a completude do outro é o que se denomina popularmente de um perfeito egoísta.

Quem casa e vive só para completar o outro é cego, soberbo e orgulhoso, e no final da relação sofre desengano amoroso e fica reclamando de tudo o que deu.

Quem casa precisa saber que não atingirá sua completude só completando o outro.

Quem casa precisa saber que não atingirá sua completude fazendo com que o outro sempre o complete.

Quem casa e estas coisas não reconhece, só aumenta o poder de sua fraqueza de incompletude sobre si.

O casamento é o lugar das completudes recíprocas através da interação equilibrada das incompletudes entre um e outro para alguma razão realizarem juntos.

Autor: Orlando Salerno

Professor de Espanhol

Escola de O

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Enviado por orlando salerno em 15/02/2010
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