Divórcio
Marido:
- Que absurdo! Até meus discos do Chico Buarque ela quer levar. Meus discos! Parte da minha vida! Eu devia ter imaginado que esse casamento não acabaria bem. Divórcio, sim, mas quero me separar dela, e não das minhas coisas, da minha história. Só que ela é minha história... Nem sei fazer o nó da gravata! Se pelo menos ela fosse mais calma, mais compreensiva... Nossa rotina já foi tão feliz! Como naquela música do Chico... "Todo dia ela faz tudo sempre igual..." Meus discos não!
Esposa:
- Os discos do Chico Buarque ele não vai levar! Quem ele pensa que é? São meus! Eu comprei! Comprei com o dinheiro que... Dinheiro dele, mas não vem ao caso. O divórcio não é culpa minha. Foi ele quem... Não, fomos nós dois. Estragamos uma rotina que já foi tão feliz... Ele não sabe fazer o nó da gravata, mas como sabe dizer coisas bonitas! Quer dizer, sabia... E eu me sinto tão mal com tudo isso... Como naquela música do Chico... "Quando olhaste bem nos olhos meus e o teu olhar era de adeus..." Meus discos não!
Filho:
- É sempre assim. Ela quer os discos; ele quer os discos. Bendito Chico Buarque! Então mamãe chega e ajeita o nó da gravata de papai. Diz que ele pode levar os discos, se quiser. Ele fala que mamãe não precisa se privar de nada por causa dele. Mamãe agradece, mas insiste. Ele insiste também. E os discos acabam sempre ficando aqui em casa. Com os dois.
Rio/Outubro/1996
Marido:
- Que absurdo! Até meus discos do Chico Buarque ela quer levar. Meus discos! Parte da minha vida! Eu devia ter imaginado que esse casamento não acabaria bem. Divórcio, sim, mas quero me separar dela, e não das minhas coisas, da minha história. Só que ela é minha história... Nem sei fazer o nó da gravata! Se pelo menos ela fosse mais calma, mais compreensiva... Nossa rotina já foi tão feliz! Como naquela música do Chico... "Todo dia ela faz tudo sempre igual..." Meus discos não!
Esposa:
- Os discos do Chico Buarque ele não vai levar! Quem ele pensa que é? São meus! Eu comprei! Comprei com o dinheiro que... Dinheiro dele, mas não vem ao caso. O divórcio não é culpa minha. Foi ele quem... Não, fomos nós dois. Estragamos uma rotina que já foi tão feliz... Ele não sabe fazer o nó da gravata, mas como sabe dizer coisas bonitas! Quer dizer, sabia... E eu me sinto tão mal com tudo isso... Como naquela música do Chico... "Quando olhaste bem nos olhos meus e o teu olhar era de adeus..." Meus discos não!
Filho:
- É sempre assim. Ela quer os discos; ele quer os discos. Bendito Chico Buarque! Então mamãe chega e ajeita o nó da gravata de papai. Diz que ele pode levar os discos, se quiser. Ele fala que mamãe não precisa se privar de nada por causa dele. Mamãe agradece, mas insiste. Ele insiste também. E os discos acabam sempre ficando aqui em casa. Com os dois.
Rio/Outubro/1996