A Tênue Leveza do "Aceitar"
Viver é caminhar.
Algumas vezes até podemos escolher nossas trilhas, mas elas são curtas e temporárias. Há um caminho maior pela frente e temos que entender que não temos controle sobre suas subidas e descidas ou suas encruzilhadas.
Não estou falando de pré-determinismo ou destino... estou falando de desconhecimentos e interrelacionamentos.
Viver é caminhar e caminhos se cruzam, se somam, se atrapalham.
Este caminhar está cheio de descobertas e achados. Se são tesouros ou armadilhas, isso sim depende de como enxergamos nosso caminho.
As coisas nos acontecem, boas ou ruins, com ou sem nossa participação.
O segredo está em se enxergar a tênue leveza do "aceitar".
As coisas que consideramos ruins ou más podem nos revoltar, nos angustiar e entristecer. Mas elas acontecem, e depois de acontecidas pouco podemos fazer para desacontecê-las.
Ao caminhar por uma floresta, sempre desconhecida como os passos por dar de uma vida, podemos pisar numa poça de lama escondida, sujar nossos pés e molhar nosso orgulho.
Maldizer a poça? Negar o caminhar? Bater os pés no chão com toda a raiva do mundo como quem pode acabar com a lama espalhando-a por todo seu corpo?
Ou aceitar os pés molhados, guardar na memória da vida esta sensação, lembrar que há muitas outras poças pela frente e descobrir que há muito ainda a se caminhar?
Não devemos aceitar o evitável, o injusto e o mal proposital. Mas não podemos nos revoltar com as dificuldades de um caminho que, mesmo desconhecido, é só nosso.
Aceitar encerra o assunto mas não o aprendizado, foca nossas energias no passo que nos tira da lama, e abre nossas mentes para entender como fomos parar na poça.
Aceitar não é se conformar... Conformismo é parar de andar, se deixar ser empurrado, fechar os olhos e nada viver.
Aceitar é sorrir, desculpar o "destino", abraçar a vida e seguir em frente...