A VERDADEIRA ARTE.

O Planeta Terra, agora que sabemos existir um planeta parecido com o nosso em condições de habitabilidade, o Gliese 581c, um pequeno planeta perdido a vinte mil anos luz da Terra, descoberta recente de Seth Shostak, astrônomo financiado pela NASA, nada é mais que um grão.

Gliese 581c seria irmã da Terra em condições de habitabilidade.

Está a 300 mil anos de nós, constelação de Libra. Com nossos melhores foguetes está além de nossa história, de nossa evolução. Só existimos como espécie a 120 mil anos, nossa linguagem tem 60.000 anos e começamos a plantar datam 12 mil anos.

E o que somos? Não somos nada além da alma que se funde no cosmos da ancestralidade e matéria pacificada na eternidade em mutação calma e sem alardes da natureza.

Nessa equação cósmica a física quântica se põe de joelhos, em genuflexo. Mesmo assim muitos involuem no caminho existencial, fortes na vaidade e fracos na verdade do eu.

A arte verdadeira superou o tempo, mudou o homem, calou a inveja, mitificou a dor. Foi única forma de linguagem grafada, pintada, esculpida, ligando gerações, eras, a mostrar e demonstrar a humanidade o que seja seu ser mais excelente, o homem.

Descoberta por 4 adolescentes em 1940, a gruta de Lascaux, é referência incontornável no domínio da arte rupestre. Situada perto de Montignac, na Dordonha, em França, seriam pinturas de 17 000 anos.

Nada se escrevia então e nada próximo de 300.000 mil anos para atingir-se hoje o Gliese 581c, com os melhores foguetes já inventados.

Como considerar na infinita temporalidade como arte a literatura, mais servindo ao mal do que ao bem, tão posterior à comunicação dos homens pela plástica? Cristo nada escreveu...Nem Sócrates... Mas sem a grafia nada teríamos reportado da oralidade do Filho de Deus e do notável Sócrates.

A arte rupestre permaneceu aproximando....não dividiu.

A arte simplesmente acontece, como advertia Dubuffet e como aconteceu nas cavernas.

E surgiu do rudimento humano, pura expressão, não na literatura, mera comunicação emocional-informativa, surgida mais para afastar do que para aproximar o homem.

A idéia das idéias teve somente na nova aliança o verbo que não se escreveu, ficou na oralidade do Cristo e dividiu o tempo pelo calendário gregoriano.

O verbo como arte surgido após a arte como plástica, sintonizando ou pondo em embate o pensamento, é aparentemente forte como a tinta ou o cinzel, mas afasta mais o homem do que o aproxima.

O verdadeiro artista trabalha para si, sem preocupação com reconhecimento, por satisfazer seu sentimento, sua expressão, esse seu objetivo.

Foi assim a arte na caverna.Havia ainda a inocência e a virtude situava-se no inexistente.Era pura, imune a vícios de pequenas glórias na febre da fama perseguida a todo preço; verdadeira expressão. Arte imaterializada, pura, sagrada!

A reportagem da humanidade recente, mãe imemorial do homem, repousa na vida de um Van Gogh, no traço de Dali (Salvador), na irreverência de Miró, mostrando esse último que pela arte plástica já contaminada pelo lucro, comprassem suas fezes transformadas em tintas e pastas e lançadas nas suas telas.

O “nosce te ipsum” socrático – “conhece-te a ti mesmo”, expulsa a mentira e faz da humildade seu alicerce, como existia no homem das cavernas. Como na arte pura, se escora na verdade e franqueza, proporcionando a saída do desconhecimento para o conhecimento.

A maiêutica socrática foi verdade de um humilde, filosófica, que contrariando o orgulho, vivia de esmolas e alijou a soberba, coisa para poucos.

A maiêutica excluiu a inverdade frente à verdade, como o orgulho se opõe à humildade, pois aquele nunca desce de onde sobe, porque sempre cai de onde subiu, e esta é sempre altaneira.

Essa verdade humana, no rol dos valores, nos chegou pela arte limpa, inocente, puro sentimento, sem pedir reconhecimento ou festa.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 12/02/2010
Reeditado em 14/02/2010
Código do texto: T2084166
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