A IGNORÂNCIA DO VAIDOSO.

A INSCIÊNCIA DO VAIDOSO. SOFRIMENTO.

Há um gigantesco sofrimento na vaidade; o vaidoso não percebe por ser um invejoso nato.

Essas negatividades são siamesas, irmãs do mesmo tronco, razão da mesma desrazão.

A febre da “vã- glória” não permite! É “dantesca” e indômita, a guerreira do absurdo, festa das nulidades.

Não cuida de si o vaidoso, o seu interior é árido, ególatra, indiferente e insensível, enfeita, e mal, somente a pretendida aparência que, logicamente, não realiza o objetivo do reconhecimento.

As faculdades doadas pela natureza são restritas, se existissem, só se realizariam na fluidez pacata da normalidade, nunca na insanidade de gloríolas, incrustadas nos vícios que descem da cabeça e devastam a pequenez de sua alma nas diversas formas dos pecados capitais.

E sofre o vaidoso por toda a vida, sem dela extrair o que oferece de mais nobre, o convívio com a plenitude do ser. Não explica a infelicidade que de si se apossou por desconhecer a felicidade.

E por que sofre tanto?

Medida a vida em seus devidos valores emocionais, ela é o rio do sofrimento cortado pelos afluentes das felicidades do momento.

Se não se retira da vida a energia desses momentos, se não se é capaz ao menos de medir nossas faculdades em seus limites (como ocorre com o vaidoso), o sofrimento constante, neutralizado em vários artifícios, afasta as fugazes passagens da visita da felicidade possível. Uma vida de ruínas e portanto arruinada.

Não lhe existem prazeres, só a rotineira vaidade que embriaga e faz a caminhada cega na ceguidade de origem do “eu”.

A venda da cegueira originária do ser ou pretender ser o que não se é, mostra-se forte na vaidade, e dela faz a rainha da insciência que se sedimenta, cresce, agiganta-se a cada dia da existência, e não cede nunca, pois não há insciência maior do que não reconhecer seus próprios limites.

Desfila na estrada do despropósito suas vãs glórias e insiste na busca do nada que representa.

E arrasta-se no sofrimento permanente e sem perceber incorpora pura insciência. O autoelogio é escola e arauto.

Perdendo uma mulher seu filho, lhe disseram ter o Buda remédio.

Foi a ele e ouviu: sim, tenho o remédio.

Me traga um punhado de sementes de mostarda. Quando a mulher saia ele disse: mas há de ser conseguida em uma casa onde não tenha ocorrido morte de criança, cônjuge, genitor ou criado.

Saindo a procurar, viu a mulher que nenhuma casa existia sem ter ocorrido sofrimento.

O sofrimento da perda é incisivo, terrível e mortificador. O nascimento traz o sofrimento. O sofrimento faz parte da vida.

É essa a procura a que se entrega o vaidoso. Em nenhuma casa encontrará a mostarda pedida pelo Buda, como nunca chegará ao que a natureza não lhe deu.

Alguns permanecem no sofrimento permanente na procura do que não têm. O vaidoso, do que almeja e não lhe foi dado; é a perda do invisível que a visão do pecado capital maior não alcança, muitas vezes com sofrimento maior e mais intenso do que a perda material.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 12/02/2010
Reeditado em 12/02/2010
Código do texto: T2083216
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