SALA DE ESPERA (IGREJA)

Uma pequena sala contígua à sacristia. A secretária está ocupada. A implementação do zero oitocentos na paróquia não facilitou as ligações. Eu e um jovem casal permanecemos sentados aguardando o momento de sermos atendidos.

Eu quero informações sobre o curso de batismo. Quanto aos jovens, eu não sei o que esperam. Especulo que vão se casar.

“Quando será o curso para batismo? Vou ser madrinha...”

“13, 14 e 15 de janeiro das 19 às 21h.” A secretária me interrompe e responde de forma automática.

“Três dias!?” Não consigo conter meu espanto.

“Os missionários querem passar mais tempo com os casais...”

“Mas eu não sou um casal. Vou batizar uma criança em outra cidade e só preciso do curso. O padrinho está lá.”

Pela primeira vez ela me olha. Está assustada com a situação não prevista no manual.

“Como assim? Não é casada?”

“Não! Divorciada.”

“Mas mora com alguém?”

“Sim. Com minha filha.” Respondo inocente.

A senhora pede um momento e atravessa a porta para a sacristia. Aproveito para sentar novamente na cadeira onde estava. Percebo que o homem mudou de lugar. Deixou a cadeira vaga ao meu lado. O casal está de mãos dadas. A secretária retorna um pouco agitada e fala olhando para o balcão.

“Não vai ter curso de batismo este mês. Procure outra paróquia.”

Permaneço por instantes sem entender e saio sem grandes inquietações. Longe da sala de espera, entre um passo e outro, compreendo o ocorrido.

“Será que divórcio é contagioso?”