"NÃO OUSO CRER NEM DESCRER DE NADA"; SHAKESPEARE.

“NÃO OUSO CRER NEM DESCRER DE NADA”.

O gênio do notável teatrólogo, pensador emérito, reflete toda a existência humana.

Crer e descrer, duas oposições, as antíteses da tese de viver, uma equação que toma conta do pêndulo da vida, a mostrar nossas caminhadas antagônicas e reais, verdadeiras e instigantes.

Se na juventude ousamos tudo, no berço do destemor, a crer que nada de mal nos pode acontecer, que somos imortais, na abertura da cortina da maturidade, o idoso sabe que se aproxima o fim da jornada, não lhe valendo mais ousar, por saber e crer que outros espaços se aproximam, e passa a crer na sua mortalidade e buscar compreensão pelo tempo que se exauriu.

É assim na paixão, no curso da vida, que serve ao crente de sua força enquanto existe, e sofre quando cessa, descrente que era de seu fim, de sua partida, na descrença antes existente de que sua chama não se apagaria.

É realidade e ficção também na felicidade do momento, que se pensa eterno quando a felicidade é passageira, embora seja credo que não se extingue, e arrebatando, se mostra viva a felicidade, quando tem dias contados na descrença que se abate pela realidade de sua partida.

Mais que todos os rápidos eventos que se escoam no que seria muito na ampulheta do tempo, que nada é na pressa do próprio tempo, crer e descrer são movimento e causa, raiz e fruto, inicio e fim, passo e passante, caminho e caminhante, alegria e tristeza, realidade e sonho.

Não fora em vão que o gênio de Shakespeare nada esperava encontrar senão a dúvida.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 10/02/2010
Código do texto: T2079337
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