APAC - UMA QUESTÃO DE SOLIDARIEDADE
APAC é a Associação de Proteção e Assistência ao Condenado, fundada em 1974 na cidade paulista de São José dos Campos pelo advogado Mário Ottoboni e começa a se espalhar pelo Brasil.
A primeira vez que visitei a APAC de minha cidade fui participar da missa acompanhando meu primo que é padre e uma amiga que é voluntária. Assustei quando disseram que tinha que ser duas missas, uma para o semiaberto e a outra para os que ficavam presos sem direito a sair. Achei que todos ficavam no mesmo patamar. Tudo bem, lá fomos nós. Quando lá cheguei, confesso que senti medo. Tolice minha, a maioria eram jovens, com olhares confusos e medrosos. Pude perceber que eles estavam atrás de algo maior, que somente Deus pode dar. Notei que tinha alguns dentre eles que foram meus alunos, outros ainda, meus vizinhos. Os vi crescer e agora se tornaram homens. Como fiquei envergonhada! Em que eu havia contribuído para que eles fossem melhores? Custei a conter as lágrimas. Ali perto deles pude sentir a presença de Deus e ver que eles querem realmente ser melhores. Muitos durante a homilia fecharam os olhos e refletiram.
Um pouco de doação não faz mal a ninguém, me propus também ir a APAC uma vez por semana com minha amiga voluntária e ajudar no grupo de oração. Na semana seguinte quando voltei a recepção continuou calorosa e mais uma vez pude perceber que Deus se utiliza de meios que nós sequer sonhamos para resgatar os seus filhos.
Ainda quero acreditar que o ser humano pode ser melhor, mesmo que um só desses se recupere e seja realmente liberto, principalmente de cadeias interiores.
O amor-caridade é aquele que olha através da imagem e vê o coração. O que Cristo nos ensinou. Para muitos pode se tornar utópico demais, porém não devemos esquecer que quando vemos o outro lado, tudo vai se tornando mais claro e aprendemos que devemos sondar o íntimo e não uma face meramente.
Deus ama o pecador e não o pecado, bem o sei, então este amor-caridade ao qual me refiro é de um todo profundo que não busca nada em troca, uma vez que ele é doação.
Quero e preciso acreditar em um mundo onde as pessoas realmente serão felizes, onde a paz reinará definitivamente, onde muros serão destruídos e pontes serão construídas para que todos possam se unir.
Olhando para além dos muros da APAC há famílias inteiras a espera do novo que chegará. O sonho pode se tornar realidade a partir do momento em que eu confio no outro e faço algo para que ele possa crescer em sabedoria e graça diante de Deus e dos homens.
Tanto céu como inferno construímos aqui mesmo na terra, então é preciso rever nossos conceitos, deixar de lado nossos preconceitos e estabelecer uma trégua aos nossos corações vacilantes e caminhar na direção daqueles menos favorecidos em amor, cuidados e atenção. É fazer com que o outro se sinta realmente o que ele é: um ser humano único no palco da vida. Não é somente lhe mostrar o caminho, mas é caminhar com ele, lado a lado, sendo dele o cirineu que o ajudará a carregar a cruz.
Tenho aprendido muito com minhas fraquezas, e tento da melhor maneira possível ajudar o outro a se mirar no espelho da alma e a encontrar seu rumo.
A APAC precisa de voluntários, homens e mulheres, dispostos a compartilhar suas experiências de vida.
Procuro fazer a minha parte, ouvindo críticas de uma grande maioria, porém não me importo, sei que Deus é quem agirá, eu sou apenas um instrumento do qual Ele quer se utilizar.