Quando a paixão termina...
Depois de ter assistido a um filme na última quinta feita – O Leitor – sinto-me condicionado a discutir mais uma vez sobre esse tema tão complexo e milenar que é a paixão. É que ao comentar com uma amiga sobre o final da trama amorosa ela me diz sentir “raiva” da maneira que o personagem agiu em face do reentro com sua amada depois de mais de vinte anos sem se verem...
Antes de abordar com profundidade o tema “paixão” devo fazer um ligeiro resumo do filme: um garoto de quinze anos se apaixona por uma mulher de trinta e cinco anos... Movido por um desejo intenso eles mantém sob sigilo o romance... Como forma de satisfazer o desejo do menino, conseqüentemente também seu desejo, por pretexto de não saber ler, ela pede que antes de manter relações sexuais com a mesma ele deva ler para ela... Tudo isso dura poucos meses. No seu aniversário de dezesseis anos eles transam pela última vez. Ao retornar da festa de comemoração preparada pelos colegas de classe não mais encontra sua amada...
Por coincidência, ao participar nos Estados Unidos do julgamento de dez presidiárias, condenadas por participação no extermínio de centenas de judeus durante o Nazismo na Alemanha, reencontra sua paixão no banco dos réus. Ela fora condenada pelo júri a prisão perpetua enquanto suas companheiras a pouco mais que quatro anos de reclusão, isso pelo fato de ela alegar perante o tribuno saber escrever quando na verdade não sabia ler e tampouco escrever... Impuseram-lhe o dever de rabiscar palavras num papel para ser comparada a carta de execução da mandante do crime...
Porém, por ser uma presidiária disciplinar ganhou anistia depois de dois decênios... Como a única pessoa que mantinha contato com ela todo esse tempo era o “menino”, sua paixão, ele foi comunicado de sua liberdade.
A cena marcante do filme é quando o reencontro dos amantes... Uma frieza terrível apossou-se do homem, antes o menino abrasado pela mulher. Como de fato o deveria agir? Da maneira que agiu: um toque de mão, a recusa de um abraço? Ou se entregar fervoroso como fazia na sua adolescência?... Aqui é que desperta a “raiva” que diz sentir minha amiga quanto ao desfecho da trama, a passividade do moço no reencontro da paixão de sua juventude... Chego a concluí-la como natural. “O amor (paixão) é fogo que arde sem se ver” – Assim a mais de quinhentos anos dizia o poeta lusitano.
A paixão é a exemplo de uma fogueira acesa pelo lenhador, se deixar de lenhar esta fogueira com certeza tornará cinzas... – é assim que aconteceu com a paixão que movia intensamente os personagens de O Leitor. Aquela senhora de pouco mais que sessenta anos deixou de ser a mulher que atraía seu desejo; o olhar concupiscente que antes a devorava agora é respeitoso, cheio de generosidade... Embora a paixão tenha se apagado, o amor ainda continua...
Sim, havia ainda esperança em reencontrar a mesma mulher que deleitavas..., tanto que ele continuava a ler para ela, gravando em fita cassete e enviando-a na prisão... O seu amor (paixão) não andava de acordo com a realidade, era lento, estava preso ao tempo pretérito..., ressuscitá-lo não era algo tão fácil naquele instante de reencontro após duas décadas..., erguer aquela paixão das cinzas era um feito quase que impossível. Preferia ele adorá-la no pensamento, revivendo cada instante de um verão amoroso que fizera recanto para sempre na sua memória...
Bom que os amores vivam no presente!... É melancólico de mais ter que olhá-lo por uma brecha que dá sentido ao passado... Bom lenhar todos os dias a fogueira do amor que é paixão, conservar sempre viva suas labaredas... Assim não haverá tempo que o apague... O amor (paixão) prossegue às espinhas da adolescência às rugas da velhice sem dar por elas...
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Depois de ter assistido a um filme na última quinta feita – O Leitor – sinto-me condicionado a discutir mais uma vez sobre esse tema tão complexo e milenar que é a paixão. É que ao comentar com uma amiga sobre o final da trama amorosa ela me diz sentir “raiva” da maneira que o personagem agiu em face do reentro com sua amada depois de mais de vinte anos sem se verem...
Antes de abordar com profundidade o tema “paixão” devo fazer um ligeiro resumo do filme: um garoto de quinze anos se apaixona por uma mulher de trinta e cinco anos... Movido por um desejo intenso eles mantém sob sigilo o romance... Como forma de satisfazer o desejo do menino, conseqüentemente também seu desejo, por pretexto de não saber ler, ela pede que antes de manter relações sexuais com a mesma ele deva ler para ela... Tudo isso dura poucos meses. No seu aniversário de dezesseis anos eles transam pela última vez. Ao retornar da festa de comemoração preparada pelos colegas de classe não mais encontra sua amada...
Por coincidência, ao participar nos Estados Unidos do julgamento de dez presidiárias, condenadas por participação no extermínio de centenas de judeus durante o Nazismo na Alemanha, reencontra sua paixão no banco dos réus. Ela fora condenada pelo júri a prisão perpetua enquanto suas companheiras a pouco mais que quatro anos de reclusão, isso pelo fato de ela alegar perante o tribuno saber escrever quando na verdade não sabia ler e tampouco escrever... Impuseram-lhe o dever de rabiscar palavras num papel para ser comparada a carta de execução da mandante do crime...
Porém, por ser uma presidiária disciplinar ganhou anistia depois de dois decênios... Como a única pessoa que mantinha contato com ela todo esse tempo era o “menino”, sua paixão, ele foi comunicado de sua liberdade.
A cena marcante do filme é quando o reencontro dos amantes... Uma frieza terrível apossou-se do homem, antes o menino abrasado pela mulher. Como de fato o deveria agir? Da maneira que agiu: um toque de mão, a recusa de um abraço? Ou se entregar fervoroso como fazia na sua adolescência?... Aqui é que desperta a “raiva” que diz sentir minha amiga quanto ao desfecho da trama, a passividade do moço no reencontro da paixão de sua juventude... Chego a concluí-la como natural. “O amor (paixão) é fogo que arde sem se ver” – Assim a mais de quinhentos anos dizia o poeta lusitano.
A paixão é a exemplo de uma fogueira acesa pelo lenhador, se deixar de lenhar esta fogueira com certeza tornará cinzas... – é assim que aconteceu com a paixão que movia intensamente os personagens de O Leitor. Aquela senhora de pouco mais que sessenta anos deixou de ser a mulher que atraía seu desejo; o olhar concupiscente que antes a devorava agora é respeitoso, cheio de generosidade... Embora a paixão tenha se apagado, o amor ainda continua...
Sim, havia ainda esperança em reencontrar a mesma mulher que deleitavas..., tanto que ele continuava a ler para ela, gravando em fita cassete e enviando-a na prisão... O seu amor (paixão) não andava de acordo com a realidade, era lento, estava preso ao tempo pretérito..., ressuscitá-lo não era algo tão fácil naquele instante de reencontro após duas décadas..., erguer aquela paixão das cinzas era um feito quase que impossível. Preferia ele adorá-la no pensamento, revivendo cada instante de um verão amoroso que fizera recanto para sempre na sua memória...
Bom que os amores vivam no presente!... É melancólico de mais ter que olhá-lo por uma brecha que dá sentido ao passado... Bom lenhar todos os dias a fogueira do amor que é paixão, conservar sempre viva suas labaredas... Assim não haverá tempo que o apague... O amor (paixão) prossegue às espinhas da adolescência às rugas da velhice sem dar por elas...
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