Alcides do Nascimento Lins, uma luz que brilhará eternamente.
Aparentemente não sendo da nossa conta, certas histórias nos comovem e a gente sente e entende a dor de quem as vivencia.
A história do garoto pobre, filho de uma catadora de lixo, que quebrou barreiras e transpôs os obstáculos do problema social: Primeiro lugar no curso de Biomedicina da Universidade Federal de Pernambuco.
Esse rapaz era o exemplo vivo de que se podem mudar as condições que nos são oferecidas pela vida.
Independente das adversidades apresentadas, se não somos apenas um número na imensa multidão, nós fazemos a diferença.
Milhões e milhões de pessoas habitam esse mundo. Infelizmente ou felizmente, em sua maioria seguem uma rotina geral. Nascem, crescem e morrem nos ambientes que lhes foram destinados. Cumprem os seus destinos de cidadão, obedecendo as leis e os princípios básicos de uma boa convivência em família, comunidade, estado, país e mundo. Não se rebelam e nem tentam mudar qualquer imposição do Sistema, mesmo que lhes pareçam inadequadas ou injustas.
Nesses milhões, infelizmente ou felizmente, existem aqueles que não aceitam seguirem uma rotina geral. Eles não são apenas mais um número. Observam, pensam, questionam e procuram um jeito de transformar ou modificar o que consideram inadequado ou injusto. Se precisarem infringir as leis e ir contra o Sistema para fazerem valer as suas convicções, certamente não hesitarão um segundo sequer. São pessoas que não se mecanizam junto com o Sistema e fazem a diferença.
Alcides do Nascimento Lins mostrou claramente ser diferente. Poderia seguir sua vida normalmente e não buscar outros caminhos.
Pelas condições desfavoráveis apresentadas em sua humilde vida, terminaria com sacrifício o ensino médio e arranjaria um emprego conivente com o seu status social. Isso se ele não fosse diferente! Contra tudo ele lutou (imagine um negro e pobre em nossa sociedade que mascara o preconceito!) e estava mostrando que não seria mais um número em sua comunidade.
Tragicamente, em uma dessas tantas fatalidades que acontecem, teve a vida ceifada de maneira estúpida e covarde por assassinos. Assassinos que, infelizmente, são também mais um número nos milhares de números que existem na criminalidade.
Para a polícia, o mataram por engano e no lugar de outro. Logo ele, que não um era outro, era diferente.
No ano de sua formatura não ganha diploma e nem anel, somente um caixão e uma fria sepultura.
Eu não saberia afirmar se essa tragédia teria sido evitada se ele fosse mais um número nessa imensa multidão. É algo que eu não sei dizer.
O que posso afirmar é que se ele fosse comum eu não ficaria conhecendo a sua história e não estaria escrevendo essa crônica sentindo um aperto em meu coração.
Alcides do Nascimento Lins morreu tragicamente aos vinte e dois anos de idade, mas enquanto vivia foi uma luz de esperança a iluminar os caminhos dos cidadãos comuns de sua comunidade. Esse rapaz fez a diferença onde morou e é por isso que eu presto-lhe essa simples homenagem, porém sincera de coração e de alma.
Nesse texto dou meus pêsames aos familiares do jovem barbaramente assassinado e muito triste confesso que me emocionei demais com a história dessa luz chamada Alcides do Nascimento Lins.
Uma luz que brilhará eternamente.