ANARQUISMO VERDE
Série: Crônicas da Natureza
*Ghiaroni Rios
Que nem a ave Phoenix, que ressurgiu das cinzas para o vôo triunfal, a rápida degradação da natureza está a exigir radicais mudanças de paradigmas, de rumo!
Mas para que surja o “novo”, o que fazer das velhas estruturas? Há que se decretar a total desconstrução das mesmas? Dando nome aos bois, exageremos ao admitir que estão falhando instituições de renome como o TRATADO DE KYOTO; PNUMA (da ONU); o WWF; o GREENPEACE; o MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE; o SOS MATA ATLÂNTICA, o IBAMA, a AMDA; a FEAM? É preciso coragem e ousadia para pedir a decretação da falência de instituições quase seculares? Talvez sim!
Há que se decretar a falência do movimento rippie dos anos 70, que pregava a volta à natureza, como contraponto ao consumismo exagerado, que teve seu apogeu no delírio dos três dias de paz, amor e música de Woodstock e se perdeu nas viagens alucinógenas?
Há que se decretar a falência do engenheirismo das obras de cimento..., dos políticos com a manipulação das verbas... dos advogados com sua poluição de normas..., do biologismo com sua tentativa de reduzir o homem (antropocentrismo) à sua ínfima escala animal... do movimento verde do velho mundo com a invasão às câmaras e instâncias políticas?
Homo homini lupus, (O homem é o lobo do homem), já proclamava Hobbes em bordão chocante!
Estaria também perdida a “Ética eco-espiritualista” proposta por Leonardo Boff? Foi também em vão a imolação da IRMÃ DOROTHY STANG, a mártir do PDS (Projeto de Desenvolvimento Sustentável) no Anapu, Amazônia brasileira, frente à fome de terras para um só, do grileiro que arma o pistoleiro?
Fácil chegar à constatação de que o domínio da natureza é claramente entendido como um simples produto do domínio do homem ao homem. Consagra-se o modelo de que o homem, uma simples commodities, é instado a transformar, também, a natureza em reles commodities, com preço na bolsa de Nova York ou Chicago!
Vamos conseguir mudar a grande matriz energética mundial para fontes limpas e renováveis, para descobrir, tardiamente, que o que precisava mudar realmente não mudou, que é o homem e sua perdulária forma de “bem viver”?
Só mesmo desconstruindo tantas falidas estruturas, e sob inspiração de pensadores como Rosseau, Bakunin, Malatesta, Kropotkin’s, reviver o anarquismo verde, ou o eco-anarquismo, sepultando o lixo tóxico e mal cheiroso de nossa velha e degradante cultura, a ver, assim, se finalmente surge, esperança do planeta, o homo ambientalis.
*O autor é ambientalista/escritor