Sivuca Cultural Café
Uma rara turista visitou Itabaiana e foi conhecer o “Sivuca Cultural Café” na Praça Epitácio Pessoa. Seu depoimento: “o local é bonitinho, arrumadinho, limpinho, mas o cardápio... O cardápio é até legal, mas cadê que tem as coisas para servir aos fregueses? Os sanduíches naturais estão no cardápio, mas não tinha para servir. Capuccino? Também não, pois a máquina estava quebrada. Só tinha mesmo café expresso. Quando cheguei, a música ambiente, muito alta, era de hinos católicos. A primeira coisa que fiz foi questionar o garçom sobre isso, pois um local daquele não pode tocar música que tenha a ver com essa ou aquela religião e que deveria mesmo era tocar as músicas de Sivuca. Acho que ele falou com a gerente/dona e ela trocou por MPB”.
Por aí se vê que não estamos preparados para receber turistas, se algum dia viermos a explorar nossas atrações turísticas e culturais. Mas não é privilégio de Itabaiana. Em João Pessoa os bares e botecos também não sabem receber os visitantes. Em um restaurante, o freguês pediu sopa. O garçom chegou com um dedo dentro do prato.
– Tire o dedo da minha sopa! – reclamou o cara.
– É que essa quentura é bom pro meu panarício – alegou o garçom.
Em Itabaiana, a mulher de Otto Cavalcanti, pintor conterrâneo muito famoso na Europa, procurou por um mapa ou guia da cidade. Não encontrou nada parecido. Na sua terra, a Espanha, toda cidadezinha tem pessoas encarregadas de mostrar os museus, monumentos históricos, lugares e demais informações. E tem o guia impresso da cidade, prestando esclarecimentos sobre a província. Está na hora do meu confrade Antonio Costta providenciar a publicação de um guia de Itabaiana, ele que agora assumiu a função de Subsecretário de Cultura, Lazer e Turismo do Município.
O dono do “Sivuca Cultural Café” teve bom gosto ao criar um ambiente agradável, concebido para transmitir sensações prazenteiras aos seus clientes. Um piano torna o bar mais sofisticado, parecido com um café concerto, mas com duas ausências fundamentais: não se serve bebidas alcoólicas e nem existe a figura do pianista.
É possível apreciar a beleza da Praça Epitácio Pessoa, mas não se pode saborear bebidas e cocktails nem se ouve sons de jazz, bossa nova e blues, muito menos ao vivo. Tem que se contentar com as canções do Padre Marcelo Rossi e Padre Zezinho. O ambiente que era para ser moderno e citadino, como ponto de encontro para os que gostam de um recinto agradável e relaxante, não passa de uma caricatura de bar. Tem piano, mas não tem pianista. Tem garçom, copo, mesa e cadeira, mas não tem bebiba alcoólica. Lei seca vigorando em pleno balcão de bar é coisa que só se vê na minha velha e folclórica Itabaiana.
Assim, aquele espaço que se pretendia como referência para os nossos visitantes está mais para uma casa de chá do que para piano-bar. Em São Paulo existe o Oxygen-Bar, tipo de bar muito específico, visto nele não se vender bebidas alcoólicas, só águas e onde as pessoas respiram o oxigênio puro com aromas. Os clientes ainda podem, eles próprios, selecionar os aromas desejados. Talvez seja essa a ideia.