Sobre BIG BROTHER BRASIL

Ando ligeiramente cansada dos comentários que ouço a respeito do BIG BROTHER BRASIL: “É uma baixaria só.”; “Corrompe a moral e os bons costumes.”; “Programas como este não deveriam existir.” e assim por diante.

Sempre que ouço tais coisas, me vêm os seguintes pensamentos:

1º) Para que as pessoas possam fazer seus comentários é preciso que tenham visto e ouvido o referido programa, visto e ouvido “muito bem” e demoradamente. Sem pretender generalizar nada, deduzo que, para parte dos telespectadores, o visto e ouvido deve ter causado alguma espécie de prazer.

2º) Quando as pessoas dizem “Programas como este não deveriam existir” estão propondo, inocentemente ou com intenção, a volta da censura prévia. Ora, quem presenciou e/ou viveu na pele as consequências da censura prévia, que serviu de alicerce a períodos de Terror no País, sabe que nada pode justificar o seu retorno, o nefasto retorno da tal censura prévia.

Já prevejo os contra-argumentos: “Então, todo mundo deve fazer o que quiser?” A televisão e os meios de comunicação devem prosseguir com sua exibição de baixarias, de cenas de sexo quase explícitas, dos palavrões e de seus congêneres?

Penso que, em um mundo movido por grandes patrocínios, em que os altos índices do IBOPE garantem a sobrevivência dos programas, na TV e nos demais meios de comunicação, só há uma receita legítima, eficaz e que não atenta contra a Liberdade: o uso inteligente e lúcido do velho controle remoto ( quando não haja qualquer opção televisiva para os nossos níveis de exigência, o simples toque de desligar decide tudo).

Se os índices de audiência e de participação de espectadores começarem a cair drasticamente, para programas como B.B.B. e congêneres, das duas, uma: ou tais programas deixam simplesmente de existir, ou alteram, na essência, suas características e seu padrão.

Tudo, em suma, depende apenas de nós, das nossas opções; creio, sim, que seja possível mudar, para melhor, a qualidade da nossa TV e de programas nos demais meios de comunicação, rádio, jornais, revistas, etecetera, sem o sacrifício da coisa mais fundamental da democracia que é a Liberdade de Expressão.

Zuleika dos Reis, em 8 de fevereiro de 2010.