O AVARENTO.

Um avarento acumulou fortuna e não deixou fugir nem uma moeda.

Colocava-as para render e contava milisemais ganhos e possíveis perdas. Febrilmente. Nada gastava para seu conforto, nada.

Morava em local arruinado, dormia na mesma cama tão velha como o quarto.

Nada gastar, preferia morrer, era seu lema.

Não entendia que reter é perecer, fazia-o sem saber que já estava morto, morto para a vida que não viveu. A natureza não lhe permitiu perceber.

A vida passou por ele.Viveu o pior quando lhe fora servido o melhor.

Um dia pensou: para quem vou deixar o que acumulei?

Lembrou que nem mesmo um parente sequer de sangue, um sobrinho que fosse tinha para deixar o que não soubera usufruir. Deu conta então de sua insensatez.

Entendeu só então que reter é perecer, e que esteve morto para a vida que não viveu. A inteligência lhe foi madrastra, reconheceu.

Naquele momento viu que morrera por toda sua existência, não semeou sua memória nem colheu a memória de seus pais semeada, estava morto.

Não precisava se ocupar para quem deixar, ninguém de sua família, de sangue, restou...o destino lhe deixou o mesmo que acumulou, plantou, nada..... a semeadura é opcional, a colheita é obrigatória.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 07/02/2010
Reeditado em 08/02/2010
Código do texto: T2074802
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