O AVARENTO.
Um avarento acumulou fortuna e não deixou fugir nem uma moeda.
Colocava-as para render e contava milisemais ganhos e possíveis perdas. Febrilmente. Nada gastava para seu conforto, nada.
Morava em local arruinado, dormia na mesma cama tão velha como o quarto.
Nada gastar, preferia morrer, era seu lema.
Não entendia que reter é perecer, fazia-o sem saber que já estava morto, morto para a vida que não viveu. A natureza não lhe permitiu perceber.
A vida passou por ele.Viveu o pior quando lhe fora servido o melhor.
Um dia pensou: para quem vou deixar o que acumulei?
Lembrou que nem mesmo um parente sequer de sangue, um sobrinho que fosse tinha para deixar o que não soubera usufruir. Deu conta então de sua insensatez.
Entendeu só então que reter é perecer, e que esteve morto para a vida que não viveu. A inteligência lhe foi madrastra, reconheceu.
Naquele momento viu que morrera por toda sua existência, não semeou sua memória nem colheu a memória de seus pais semeada, estava morto.
Não precisava se ocupar para quem deixar, ninguém de sua família, de sangue, restou...o destino lhe deixou o mesmo que acumulou, plantou, nada..... a semeadura é opcional, a colheita é obrigatória.