CHUVA E SILENCIO
Ontem choveu. E o inverno ainda não se foi. Falta muito para a primavera dar o ar de sua beleza. Mas essa chuva teve o prenúncio dela. Precoce. Talvez tragas as flores mais cedo do que o costume e colora os campos com suas cores vivas. A natureza tem tantas formas de se impor. As estações às vezes nos trazem surpresas. Hoje a considerei precoce demais. Talvez por causa da chuva inesperada em pleno inverno. E ela não se alimenta de hormônios como as meninas que ganham formas exuberantes mais cedo e se tornam mulheres precoces.
Assustei-me com um relâmpago ao longe no céu escuro. A noite mal havia engolido o dia e as estrelas nem pontilharam o céu. Um vento distante foi se aproximando e invadiu a porta e acariciou-me no sofá azul. Sonhei com a chuva caindo sem cessar num lugar bem distante daqui. Mas de repente senti o cheiro da terra molhada. Cheiro bom. De fecundidade. E não era sonho.
Não demorou muito ouvi o barulho da chuva no telhado e o vento forte que açoitava as janelas. Fechei os olhos e agradeci a Deus tanta bondade. A chuva chegara rebelde como chega a adolescência. Não houvera tempo de desfazer os coágulos de nuvens e ela veio batendo com força no telhado e no asfalto negro em forma de granizo que se desfazia em contato com a terra.
Levantei-me e cheguei à janela. Através do vidro olhei o mundo lá fora. A chuva molhava o asfalto e lutava com o vento. Minha prece foi muda. Não tive muitas palavras para agradecer a Deus e reverenciar tão sublime momento. Não que eu tenha deixado de ser católica. Mas é que sepultei tantas coisas. Provisoriamente. Os sentimentos estão guardados. E também existem aqueles sentimentos os quais não se falam. Apenas se sentem.
Aprendi muita coisa depois que comecei a lidar com palavras. Aprendi que elas também podem ser mudas e nem tudo se escreve afinal. Que falaria eu da chuva e do sentimento que se apossou de mim ao vê-la cair depois de tantos dias sem ela? Preferi me calar e sentir sua força.
As palavras tornaram desnecessárias diante de tanto esplendor. E também se reza em silêncio. Com o cérebro vazio. Já ouvi isso alguma vez. Se não me engano foi na Oficina de Oração. Uma espécie de meditação. Talvez para compreender os sentimentos ocultos ou ouvir a voz da alma. Nesses momentos ouve-se a voz de Deus. Mas Ele tem tantas formas de falar. Através do silêncio. Através da chuva. Basta olhar. Ou basta calar.
Ontem choveu. E o inverno ainda não se foi. Falta muito para a primavera dar o ar de sua beleza. Mas essa chuva teve o prenúncio dela. Precoce. Talvez tragas as flores mais cedo do que o costume e colora os campos com suas cores vivas. A natureza tem tantas formas de se impor. As estações às vezes nos trazem surpresas. Hoje a considerei precoce demais. Talvez por causa da chuva inesperada em pleno inverno. E ela não se alimenta de hormônios como as meninas que ganham formas exuberantes mais cedo e se tornam mulheres precoces.
Assustei-me com um relâmpago ao longe no céu escuro. A noite mal havia engolido o dia e as estrelas nem pontilharam o céu. Um vento distante foi se aproximando e invadiu a porta e acariciou-me no sofá azul. Sonhei com a chuva caindo sem cessar num lugar bem distante daqui. Mas de repente senti o cheiro da terra molhada. Cheiro bom. De fecundidade. E não era sonho.
Não demorou muito ouvi o barulho da chuva no telhado e o vento forte que açoitava as janelas. Fechei os olhos e agradeci a Deus tanta bondade. A chuva chegara rebelde como chega a adolescência. Não houvera tempo de desfazer os coágulos de nuvens e ela veio batendo com força no telhado e no asfalto negro em forma de granizo que se desfazia em contato com a terra.
Levantei-me e cheguei à janela. Através do vidro olhei o mundo lá fora. A chuva molhava o asfalto e lutava com o vento. Minha prece foi muda. Não tive muitas palavras para agradecer a Deus e reverenciar tão sublime momento. Não que eu tenha deixado de ser católica. Mas é que sepultei tantas coisas. Provisoriamente. Os sentimentos estão guardados. E também existem aqueles sentimentos os quais não se falam. Apenas se sentem.
Aprendi muita coisa depois que comecei a lidar com palavras. Aprendi que elas também podem ser mudas e nem tudo se escreve afinal. Que falaria eu da chuva e do sentimento que se apossou de mim ao vê-la cair depois de tantos dias sem ela? Preferi me calar e sentir sua força.
As palavras tornaram desnecessárias diante de tanto esplendor. E também se reza em silêncio. Com o cérebro vazio. Já ouvi isso alguma vez. Se não me engano foi na Oficina de Oração. Uma espécie de meditação. Talvez para compreender os sentimentos ocultos ou ouvir a voz da alma. Nesses momentos ouve-se a voz de Deus. Mas Ele tem tantas formas de falar. Através do silêncio. Através da chuva. Basta olhar. Ou basta calar.