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Desumanização
Eu me mudei há um ano para Divinópolis,onde,desde os meus três anos,habitam minhas origens.Aluguei um apartamento central:como pedestre,que me tornei,a localização facilita minhas andanças pelas ruas comerciais da cidade.
Meio quarteirão acima,um restaurante me foi indicado por uma amiga:o dono é cuidadoso,nada de óleo reaproveitado.Saladas,as mais variadas.
E durante 365 dias foi lá que almocei.Fiz amizade com o jovem gerente.O dono passou a me cumprimentar,ressabiado.Os outros 12 funcionários aprenderam a responder ao meu bom dia e até a sorrir.Levei dezenas de pessoas amigas, que me visitaram, para apreciarem as delícias e eles aprovaram.
A vida não é uma constante,ainda bem.Senão o tédio me mataria.Muda pra melhor,muda pra pior.Pra mim ela mudou meio a meio: de repente
surgiu um tratamento alternativo e caro para meu calcanhar esquerdo,que teima em arder e a me proibir de andar.Rebelde,eu continuo minhas caminhadas,agora mancando.Previsão de melhora? Pra daqui a alguns meses,se Deus quiser!
Hora de emagrecer e hora de cortar despesas! Uma amiga( outra) me indicou a sogra,que fazia uma comida caseira e, ainda por cima, entregava quentinha.Experimentei e gostei.
Resolvi almoçar no antigo restaurante apenas aos domingos.E só o amigo-gerente perguntou o que me acontecera,ao me ver mancando.O dono não me conhece mais e os funcionários,muito menos.
Diagnóstico( já que sou psicóloga selvagem) : desumanização.
Eu nunca quis essa praga para os meus filhos e tomei medidas concretas.
Hoje não quero para meus netos e vou contribuir para que sejam seres humanos educados,cooperativos,sensíveis.
Como aquele passarinho,que foi criticado,por sozinho tentar apagar o incêndio da floresta levando água no bico,eu continuo trabalhando para me transformar num ser humano em busca de uma evolução,que acredito.
Maria Neusa em fevereiro de 2010