O SÉCULO DAS BUNDAS
Exaltada desde a antiguidade por pintores e escultores, a bunda, com o tempo passou a desempenhar preponderante papel na humanidade. Extrapolou os limitas de mera parte do corpo humano, numa escalada rumo ao estrelato.
Como região anatômica nada mais é do que um complexo muscular, tendo os glúteos como principais componentes, recobertos por tecido adiposo e pele, emoldurando um orifício natural. O seu aspecto varia conforme o biótipo do proprietário. Pode ser um pouco elevada, como se estivesse contemplando a luz da lua; ou baixa, demonstrando preocupação com as coisas aqui da terra. Algumas se apresentam com pouco volume; outras, rechonchudas, como se quisessem nos convencer de que a palavra abundancia é originaria delas.
Neste século a sua importância tem assumido proporções extraordinárias. No meio artístico observa-se o seu grande valor. Artistas apresentam-se no palco de costas para o público durante quase todo o show. É como se não existissem outros atributos para serem mostrados. Baixam-na, elevam-na e dão aquela balançadinha. Uma coisa interessante é que há alguns anos elegiam-se “o mais belo rosto”, “o mais belo corpo”; hoje, elegem-se o “bumbum dourado” ou “o mais belo bumbum” (bumbum: termo utilizado em virtude da sua forma bigeminada). Quando uma mulher da noite é vista sozinha vagando pelas ruas sempre aparece alguém para chamá-la de vagabunda. Por que não se emprega o termo “vaganariz” ou “vagaperna”? É porque a bunda se destaca entre todos os atributos pessoais. O diminutivo bundinha, em vez de ter sentido pejorativo, é uma forma carinhosa de tratamento; bundão, ao contrario, tem sentido depreciativo.
O que se pode esperar para os próximos anos é a continuidade dessa progressão de sucesso da bunda. Sua cotação estará sempre em alta. Não será estranho se alguém batizar o nosso milênio de “Século das Bundas”. Não existiu o “Século das Luzes”? E, brilho por brilho, as bundas estão cada dia mais resplandecentes.
Com a evolução da medicina, não tardarão a surgir os transplantes, tornando obsoleto o uso do silicone. Aqui merecerá certos cuidados com o duplo sentido do termo “doação em vida”, usualmente empregado em doações de órgãos. A cirurgia plástica terá condições de contemplar os narcisistas com a transposição da bunda para a região anterior do corpo. Esta medida facilitará a higiene local. Também evitará que ela seja apreciada sem que o dono perceba. A expressão “pé na bunda” com certeza desaparecerá, porque jamais alguém ousaria tal procedimento pela frente, face a face, ou banda a bunda, com o proprietário.
Os políticos apresentar-se-ão na televisão não mais mostrando o rosto, mas exibindo-as nuas. Não será surpresa se alguém ficar menos feio e mais elegante. O uso da gravata dará um charme especial. Alguns, habituados com falcatruas e baboseiras, que insistirem com essa prática, terão estampado na cara, ou melhor, na bunda, a excreção dos produtos das suas ações como representantes do povo.
Exaltada desde a antiguidade por pintores e escultores, a bunda, com o tempo passou a desempenhar preponderante papel na humanidade. Extrapolou os limitas de mera parte do corpo humano, numa escalada rumo ao estrelato.
Como região anatômica nada mais é do que um complexo muscular, tendo os glúteos como principais componentes, recobertos por tecido adiposo e pele, emoldurando um orifício natural. O seu aspecto varia conforme o biótipo do proprietário. Pode ser um pouco elevada, como se estivesse contemplando a luz da lua; ou baixa, demonstrando preocupação com as coisas aqui da terra. Algumas se apresentam com pouco volume; outras, rechonchudas, como se quisessem nos convencer de que a palavra abundancia é originaria delas.
Neste século a sua importância tem assumido proporções extraordinárias. No meio artístico observa-se o seu grande valor. Artistas apresentam-se no palco de costas para o público durante quase todo o show. É como se não existissem outros atributos para serem mostrados. Baixam-na, elevam-na e dão aquela balançadinha. Uma coisa interessante é que há alguns anos elegiam-se “o mais belo rosto”, “o mais belo corpo”; hoje, elegem-se o “bumbum dourado” ou “o mais belo bumbum” (bumbum: termo utilizado em virtude da sua forma bigeminada). Quando uma mulher da noite é vista sozinha vagando pelas ruas sempre aparece alguém para chamá-la de vagabunda. Por que não se emprega o termo “vaganariz” ou “vagaperna”? É porque a bunda se destaca entre todos os atributos pessoais. O diminutivo bundinha, em vez de ter sentido pejorativo, é uma forma carinhosa de tratamento; bundão, ao contrario, tem sentido depreciativo.
O que se pode esperar para os próximos anos é a continuidade dessa progressão de sucesso da bunda. Sua cotação estará sempre em alta. Não será estranho se alguém batizar o nosso milênio de “Século das Bundas”. Não existiu o “Século das Luzes”? E, brilho por brilho, as bundas estão cada dia mais resplandecentes.
Com a evolução da medicina, não tardarão a surgir os transplantes, tornando obsoleto o uso do silicone. Aqui merecerá certos cuidados com o duplo sentido do termo “doação em vida”, usualmente empregado em doações de órgãos. A cirurgia plástica terá condições de contemplar os narcisistas com a transposição da bunda para a região anterior do corpo. Esta medida facilitará a higiene local. Também evitará que ela seja apreciada sem que o dono perceba. A expressão “pé na bunda” com certeza desaparecerá, porque jamais alguém ousaria tal procedimento pela frente, face a face, ou banda a bunda, com o proprietário.
Os políticos apresentar-se-ão na televisão não mais mostrando o rosto, mas exibindo-as nuas. Não será surpresa se alguém ficar menos feio e mais elegante. O uso da gravata dará um charme especial. Alguns, habituados com falcatruas e baboseiras, que insistirem com essa prática, terão estampado na cara, ou melhor, na bunda, a excreção dos produtos das suas ações como representantes do povo.