"NÃO JOGUE PÉROLAS AOS PORCOS".

“Não jogue pérolas aos porcos”, é o encontro da verdade com a vontade subvertida.

Na inteligência da máxima proverbial está a limitação da vontade. Não devemos pretender que alguém possa receber, recepcionar o que não está ao seu alcance. Assim como pérolas não são gosto dos porcos.

A moral do ensinamento é simples.

Dar a cada um o que tem capacidade de receber, por exemplo, como levar alguém para degustar pratos da alta gastronomia se está acostumado ao grosseiro do dia a dia; como levar alguém para assistir um ballet no “Palais Opera Garnier” de Paris, sob a pintura das imagens aladas na abóbada de Marc Shagall, se está acostumado a freqüências simplórias; como levar uma pessoa a Carcassone, cidade medieval da Europa preservada integralmente, onde se filmou Robin Hood, e dormir “intra muros”, voltar no tempo e encontrar a idade média viva, nos passos ouvidos na solidão da noite, em ruelas de 1.000 anos, pavimentadas de pedras, se pouco conhece ou se interessa pela era medieval e sua história?

E ainda, seria possível levar uma pessoa a conhecer verdadeiramente Paris, se lhe basta o curricular e não consegue ver além das margens do Sena e do Monte dos Mártires, Montmartre, mesmo sem conhecer a história do mártir que lhe deu o nome, bem como outras óticas comuns do turismo, não tendo condições e curiosidade de desvendar seus incontáveis e ricos segredos, sua história; como presentear com boas leituras quem está adstrito a coisas pequenas, superficialidades; como discutir grandes temas quando faltam meios e condições de penetrá-los; ou ainda, como chamar alguém a visitar a Galeria Borghese, Roma, para se impressionar com o “Rapto de Proserpina”, viva praticamente a escultura, do fantástico Bernini, ou se extasiar diante da Vitória de Samotrácia, a “Deusa Nike”, praticamente desconhecida na entrada do Louvre em Paris, por onde muitos passam aos seus pés sem nada saber de sua magnífica história, ou chamar a deleitar-se diante do estupendo “Cipreste no Trigal” de Van Gogh, no Metropolitan em Nova York, ou ficar horas diante da porta de Rodin, no Museu Gare D’Orsay, em Paris, apreciando as passagens da “Commedia” de Dante Alighieri, esculpidas pelo grande talento?

Seria lançar pérolas aos porcos.....Cristo ensinou, “não joguem pérolas aos porcos”.

Paulo Francis, no fim da vida, penitenciou-se por ter perdido tempo em não realizar essas maravilhas para os sentidos, que não interessam aos porcos.

Devia ter freqüentado essas riquezas, maravilhas, sempre, com freqüência, principalmente ir mais a Roma, dizia e lastimava-se.

Insistir, contudo, em mostrar expressão e sensibilidade a quem não as tem, significa “jogar pérolas aos porcos”. Mesmo que sejam úteis para algo (no caso alimento), pois tudo na vida tem uma utilidade, (dizem que exclusive os insetos como mosquitos), mas os porcos vivem no submundo.

O mundo sofisticado e de fineza dos sentidos não é próprio para porcos. Não conhecem nem conhecerão esse lado da vida, não lhes interessa, nunca interessou, por todos os motivos, viverão sempre como porcos, são barrados em suas limitações, de todas as espécies, distantes do que seja bom, sensível, culto, honesto, belo e mágico para os sentidos. Lhes basta seu “habitat”.

Não que não queiram, por vezes querem, mas falta faculdade, capacidade, implica em dizer, em similaridade, "não dê nozes para quem não tem dentes". Seria inútil, sem dentes não há como comer nozes e, sem fineza de percepção, preparo e formação não há como receber pérolas.

Estaríamos gastando algo valioso para quem não pode nem sabe dar valor.

Nosso Senhor, Jesus Cristo, em seu Sermão do Monte, disse: 'Não jogue pérolas aos porcos” e, rematou, “a fim de que eles não as pisem, e voltem-se e despedacem vocês'.

Ou seja, deixemos aos porcos seus repastos, senão a lama em que vivem respingará naqueles que querem distribuir pérolas.

Não ofereçam pérolas para os insensíveis, imersos nos pecados maiores, quase sempre vida de omissões no exercício das práticas que ofendem Jesus Cristo e seus ensinamentos.

É UM RETRATO QUE SERVE PARA OS DIAS ATUAIS, PARA REFLEXÃO SOB A ÉGIDE DO PROVÉRBIO, BOM QUE SE DIGA, NADA MAIS SENDO QUE A REPETIÇÃO DA HISTÓRIA, PARTICULAR E COLETIVAMENTE. SERVE A TUDO E A TODOS.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 06/02/2010
Reeditado em 22/04/2010
Código do texto: T2071942
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