Mulher, mulheres

Levanta-se, balança a saia, deixa intuírem a cor da calcinha, e caminha pela passarela estreita entre as cadeiras do auditório. São 22h; e a mulher fora solicitada a comparecer no palco.

Olha com um belo sorriso no rosto, por onde deve colocar o salto fino da sandália vermelha. E passa em magnetismo de fulgor; a bulinar os homens nos vapores da saia; num mundo de sabores que no ar flutua; deleitando-os com a ideia de que a roupa vai subir um pouco mais.

Ela parece mais brasileira ainda. Tem o toque de mulata nos acordes mestiços do andar. A atenção dos homens, como se alguém fustigasse seu corpo com sons de batucadas, fica deserta do motivo de estarem ali. E ela ginga os quadris subindo os degraus, um pé após outro, cada movimento erguendo um pouco da saia.

Gemidos e suspiros no silêncio das bocas, mas estão em torrentes de falas nos olhos dos machos. Uma música dentro deles feito beijos e mordidas na hora do amor, fá-los seguir o movimento sensual que balanceia ao caminhar das belas pernas da mulher. E ficam a se mexer nas cadeiras com o aroma que a fêmea abandona no ar. É uma lascívia de prazeres a que se permitem nos breves instantes da morena que passa.

E senta-se de pernas cruzadas de frente para a plateia. Oferece o entrepernas para a labareda dos olhos cobiçosos. É uma mulher derramando-se de sensualidade. Toda sedutora, toda pecado. Sorri com a graça de uma menina e os olhos camuflados de uma mulher. As pernas em meio à análise dos homens, incitando um gozo no olhar.

Põe as mãos por sobre a saia curta e desliza-as num gesto casual até o joelho; correndo os dedos numa suave carícia. Parece sentir um arrepio, pois suspira arquejando os seios. O sentido da atenção masculina esvoaçado no corpo da mulher; como se ela fosse flor esbanjando mel. E larga trocando as pernas, subindo e descendo os dedos, mexendo os quadris em cima da cadeira.

Há nela um quê de folia no espaço do auditório; arrastando vontades nas carnes dos machos. E as torneadas pernas a lançar feitiços, num jogo de conquista pela atenção dos presentes. Toda a natureza feminina exposta ao olhar dos homens. As irresistíveis pernas no vão da saia que insinua o que tem por baixo; caminho de fogo, aroma quente de corpo de mulher.

De repente, tudo é completo suspiro!... Ela é convidada a falar; ouvindo-se uma balada no ar!... Poesia de mulher é lira de amor.

Teresa Cristina flordecaju
Enviado por Teresa Cristina flordecaju em 05/02/2010
Reeditado em 06/02/2010
Código do texto: T2071614
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