BRINCANDO DE CASINHA
Passa o Ano Novo, chegam as férias, ela não me deixa mais,
como fazia toda segunda de manhãzinha. Vai ficar com a gente
até as aulas recomeçarem, já que agora faz faculdade fora daqui
de Franca, na linda cidade de Ribeirão Preto.
A menina dá lugar à moça feita; dona do seu nariz. Mas a distân- cia imposta lhe fez bem. Está mais madura, mais meiga.
Deu mais valor à família, aos pais. Desabrochou uma moça
amável, solícita, de bem com a vida.
Fica ao meu lado aprendendo a cozinhar; fazendo bolo de cenou-
ra, pudim de pão. Dizendo que aprendeu uma receita de arroz "da
hora", como dizem os jovens e que ele (o arroz), fica soltinho que
só vendo!
Eu, acostumada, "na marra" a ficar longe dela, vou desfrutando
de sua companhia, feliz como só nós mães sabemos ser... Bebemos
cada minuto da presença dos filhos, como se fosse néctar dos
Deuses...Percebo que ela sabe cada costume da casa e me delicio
com isso. Sabe até que para fazer pudim de pão, uso aquela "tu-
pperware" que herdei de minha tia há muitos anos atrás. E ela abre
o armário e a pega como se aquele gesto fizesse parte da receita;
o pudim de pão fica muito bom.
E assim passo estes dias com sua presença em nossa casa.
Sei que daqui em diante será sempre assim:
De visita em visita...Alguns dias no ano somente...
Os filhos crescem, criam asas e se vão...
Compete a nós pais, esperar, esperar pela volta deles, nem que
seja por algumas horas....
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E mais alguns anos passam e a distância se torna maior, a moça
se forma e vai trabalhar mais longe ainda...
E cria asas e voa até nas asas de aviões...
E nós aqui só esperando....
A volta dela e de seu irmão....
Só me resta a solidão e continuar sozinha a brincar de casinha...