Uma Prisão Lucrativa

Quem leu a minha crônica “Vizinho Provocador”, facilmente vai entender o sentido da minha prisão. Aquele vizinho tornou-se meu bom carcereiro, aprisionando-me em minha casa, ao emprestar-me um volumoso livro, que constou na lista dos mais vendidos na Veja da semana passada. Pelo fato de ser emprestado, achei-me no dever de logo começar a leitura, dedicando-me quase exclusivamente àquele “best seller”. Pelo suspense que gerava cada capítulo, levando-me a querer ler o capítulo seguinte, fiquei realmente enclausurado. Mas confesso que a mente viajou no tempo e no espaço, indo a lugares aonde nunca fui antes e conversando com celebridades históricas. Viajei para o norte do continente, adentrando no Capitólio de Washington. Ali bisbilhotei o que não seria possível na condição de turista. Sim, da maneira que não temos o mesmo acesso que têm os repórteres para divulgar suas matérias na TV, também não temos tanto quanto os autores ao fazerem suas pesquisas para a produção do livro.

Por ter retroagindo no tempo, ali encontrei os primeiros presidentes dos Estados Unidos, a exemplo de George Washington, Thomas Jefferson, Abraham Lincoln e Franklin Roosevelt. Um banho de cultura política americana.

Em retribuição ao bom carcereiro que, através da minha prisão, levou-me a esse passeio cultural, vou emprestar-lhe um livrinho de aproximadamente 700 páginas, com o intuito de prendê-lo em casa por alguns dias. Se gostar da leitura, vai ter de suspender o seu esporte preferido: a pescaria. Tenho as minhas dúvidas se ele realmente vai pescar ou está indo na onda de Bruno e Marrone, com aquela canção “Que Pescar Que Nada”, arranjando um pretexto para sair de casa todo dia. O livro vai ser o teste, assim como o vizinho de cá ficou trancado em casa até o final da leitura.

Irineu Gomes
Enviado por Irineu Gomes em 04/02/2010
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