"By appointment to Her Majesty"

Lembranças de tempos juvenis

Nem bem cheguei em Londres, já me chamaram ao telefone. Pensei que fosse a Sclotland Yard, mas era Eduardo, o chefe do meu grupo. Embora estivesse em Brighton, soube que eu tinha fugido da casa de Mrs. Brown e estava preocupado. Fez-me prometer que de lá eu não sairia até que todos eles voltassem. Podia ficar sossegado, naquela cidade eu tinha mais o que fazer. Tanto, que nem sabia por onde começar.

Visitei tranquilamente vários museus, andei pelos parques, ouvi discursos inflamados em frente ao Marble Arch - no Hyde Park, olhei vitrines, fucei mercados de pulgas. Adorei ver os sáris das indianas que circulavam exibindo na testa pedras azuis ou vermelhas, admirei as batas coloridas dos africanos, assim como os turbantes avinhados dos homens de pele da cor da azeitona. Embasbaquei vendo limusines estacionadas à porta dos grandes hotéis. E foi diante de um deles que presenciei uma cena interessante, justamente quando eu ia passando. A limusine estacionou e dela saiu um homem muito claro, de faces avermelhadas, paramentado de motorista. Abrindo a porta traseira, fez uma larga reverência ao dar passagem a seu patrão: um negro alto, gordo, de bochechas reluzentes. Carregando sua pastinha 007, entrou no hotel.

Como não podia deixar de ser, assisti à troca da guarda da Rainha e descobri que Sua Majestade está em todas, até mesmo no papel higiênico dos banheiros públicos. Cada partezinha a ser picotada leva o carimbo “By appointment to Her Majety”. Descobri também que esse papel não é nada apropriado para seu uso oficial, sendo melhor empregado em missivas aéreas...