Luzes de ouro

As mãos da secretária eram enfáticas pela própria natureza. Precisava dizer que nunca havia namorado uma secretária. Todos os conhecidos haviam namorado, tiveram pelo menos um caso executivo. A única afirmativa é a de que são mentirosos. O assuntou acabou arrebatado por um tipo que pedia insistentemente um cigarro.

O desprezo e o amor próprio ferido vivem trancados no quarto da timidez. Avante! Conquistá-la é uma ordem. Rumo à secretária do Kant. Pernas bonitas, diálogo sensual, uma dose para mais interesse pelos dotes físicos da bela estrela.

Oito andares acima do solo mora Zelú, secretária do doutor kant.

Considerando amor puro a brevidade de certos encantos, ficava refletindo algo a lhe dizer: evitando palavras sonsas, imprecisas, pioradas arrancadas do caderno de poeminhas. Nada de uisquinhos, girassoizínhos. A coragem estava lhe faltando.

Conforme se sabe Zelú era um biscuit. Sua beleza poderia contar com uma cabana onde o sol jamais abandonasse as melhores intenções. Porém ela morava atrás dos seus adoráveis gestos enfáticos, além de canções simples de poesia moderna. Era uma secretária feliz, como a dizer; consoante a si mesma. Criatura feliz, firme e tranqüila como uma aeromoça. (Logo chegaria à aposta com aeromoças, muito válido o concurso da mais bonita).

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Hoje compreende melhor o desafio daqueles tempos. Desejar uma secretária era ter bem perto de si o prazer de algo depurado.

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