VIDA DOS VIVOS, VIDA DOS MORTOS



          O movimento, além do nascimento e da morte, é propriedade do que tem vida. Ao contrário do vivente, o não vivente não se movimenta, igualando-se à pedra que é movimentada quando sacudida ou rolada ladeira abaixo. Ora, tudo que se movimenta ganha alguma direção. Isso vale dizer que, de modo análogo, nossas vidas tomam alguma direção.
Daí, enquanto vivemos, uma pergunta meditativa se impõe: qual é o sentido da vida?
          O sentido da vida constitui um questionamento filosófico acerca do significado da existência humana. Assim pensando, cada vida não nasce com um sentido determinado, porém deverá tê-lo. Parece até se correlacionarem nossos primeiros passos com o sentido que a vida, ao caminhar, vai ganhando. Curto caminho. Nessa brevidade, os que já se foram tiveram o devido tempo para idealizarem o sentido das suas vidas. Contudo, todos os seres humanos, de alguma forma, procuraram, muito ou pouco, este significado. Na verdade, embora se procurando muito esse sentido, o que se busca jamais será completamente desvendado. Assim como o rio precisa das margens para darem destino às águas, o homem, sem perder a liberdade, necessita do que o direcione e que ele encontre nesse ideal uma força impulsora à sua realização como ser humano.

          O
filósofo Santo Agostinho prediz que toda vida “desordenada torna-se seu próprio castigo”. Manifesta-se aqui uma necessidade impreterível de se ter um ideal que alimente nossas ações e as livre de serem um contínuo fazer sem sentido. De modo que a ausência de um ideal resulta numa perda de rumo e também numa despersonalização progressiva da ação humana.
Nós que caminhamos e ainda podemos andar muitos passos cuidemos para que não sejam fora do caminho, do sentido da nossa existência. Subsequentes à pergunta inicial, surgem várias questões. Mas, a principal delas não é perguntar o que você faz na vida, mas o que você faz da sua vida.