recordar nem sempre é viver...

Já percebeu, como é constrangedor encontrar aquela pessoa que a gente não vê faz tempo? A príncipio a gente acha que vai legal! Que vão ser horas de conversa, lembranças dos velhos tempos...

Enfim, está você no domingo à tarde em um shopping e vê aquela sua amiga: a Claudinha, que dividia fofocas com você nos tempos de colégio. Você num ato louco chama por ela:

-Claudinhaaaa!

Ela olha em volta e te vê, mas aquela sombra de não-reconhecimento que perpassa os olhos dela, torna óbvio que ela não lembrou de você. Mas isso é rapido em poucos segundos ela acena e diz um grande:

-Oi.

Você se aproxima. Beijinhos na bochecha tal e coisa, coisa e tal. Aí você pergunta, querendo dar uma de "eu lembro de tudo":

- E aí como vai dona Helena? Grande dona Helena! Lembro dos doces que ela fazia! Delícia!

-Ela morreu há três meses.

Uma pedra surge no seu estomago. É a primeira mancada do dia. Você tenta consertar:

- E a Vânia sua irmã? Como está?

- A Ivana está muito bem. Morando no exterior.

- Ah sempre foi estudiosa essa Vânia!- Estudando ou trabalhando lá?

- Casou-se com um inglês...

-ahhhh.

Droga, e lá vai a segunda do dia! Você opta por outra tática, vai agora fazer perguntas impessoais.

- Me fale de você! Como você está? Algum relacionamento? (você não quis dizer amorado, vai que ela virou lésbica?)

- Ah sim! Estou casada! Tenho um filhinho.

Aê bola dentro!

Você olha no relógio. Está atrasada para o almoço na casa dos pais.

- Ah Claudinha, foi tão bom te ver! Mas eu tenho que ir. A gente tem que se encontrar mais! Anota meu número: 50050550. Tchau!

Mais beijos na bochecha.

-Até mais Claudinha!-você diz

-Tchau, Mariana!- ela diz!

Você para! Seu nome é Regina!

A partir de agora nova posição, você não fala mais com amigos desencontrados!!