OS BICHOS DE MINHA VIDA (PARTE 5)
A vida corria normalmente, entre relinchados, latidos e miados.
O que mais poderia acontecer a essa família tão bicharal?
Mais uma vez nosso coração gritou mais alto do que o normal.
A caminho da feira, vejo um homem rebocando uma bezerra. Ela estava tão magra que mal se punha de pé. A cena, como não poderia deixar de ser, me chocou profundamente. Fui falar com o homem sobre a bezerra. Ele me respondeu que estava sem dinheiro e que iria vende-la para engorda e sacrifício. Na hora, me comoví. Alguma coisa tinha que ser feito. Perguntei quanto ele iria ganhar com a venda, e, desembolsei a quantia. O homem me passou a corda da bezerra e se foi muito alegre.
Bem, estava criada uma situação. O que fazer com ela? Só restava amarra-la no parachoque do meu carro, e, seguir muito lentamente até nossa casa.O percurso era longo, e, serví de piadas e muitos comentários pelo caminho.
A chegada em casa, como não poderia deixar de ser, foi uma festa. Os meninos ficaram loucos por ela. Mas, o pai ainda estava na universidade lecionando. Esperávamos ansiosos por ele, se bem que já prevíamos qual seria a sua reação, depois que eu contasse a triste história da bezerra. Ele chegou, adorou e adotou a bezerra que a partir daquela hora passou a se chamar Bordada, em homenagem a seus traçados no couro. Agora sim, o time estava completo.
Nem digo que Jira e Aparecida estavam macomunadas, e, as duas detestaram Bordada. Uma guerra estava formada,e nós como sempre, aparando as arestas.
Cada vez éramos comentados e ás vezes criticados por todos, se bem que a grande maioria nos apoiava, menos os visinhos, claro.Éramos considerados excentricos, loucos, e, por aí vai. Não sabiam eles que éramos apenas, humanos.
Hoje vejo o quanto foi válida a convivencia de nossa familia com os bichos. Na verdade, aprendemos muito com eles.
Obrigada Jira, Aparecida e Bordada.