As jóias da minha tia

Eu tinha uma tia solteira, bonita e rica, igual àquela que descrevi outro dia. De tempos em tempos ela chamava papai, advogado, para uma consulta. Relacionava seu testamento e dizia que deixaria suas jóias para mim. Mamãe, que bem conhecia a irmã, dava risada e comentava: nem adianta esperar. Daqui a pouco ela muda tudo.

Dito e feito. Mudou duzentas vezes, mesmo assim, de vez em quando soltava essa de que as jóias seriam minhas. Sabe-se lá porquê. Nunca fui ligada a ouro ou pérolas, jamais vi aquelas que ela possuía. Nem antes, nem depois de sua morte.

E olha que ela morreu velhinha, velhinha, aos noventa e tantos...