UM ANO NO RECANTO DAS LETRAS
Quando comecei a escrever no Recanto das Letras eu já possuía um blog. Escrevia um texto e demorava uma semana (e olhe lá!) para aparecer algum comentário. E mesmo assim de conhecidos a quem eu havia indicado insistentemente. A gente se sente como diante de um tribunal sem ter cometido delito. Afinal, estamos expondo nosso trabalho ao mundo. Estará disponível para quem quiser, puder ver e julgar.
Exatamente há um ano, postei meu primeiro texto no RL e em menos de 20 minutos eu já tinha sete leituras cravadas no contador. Quase tive um ataque do coração de tanta alegria. Ainda por cima havia dois comentários nesse tempinho. Eu me disse: - Uai, meu Deus, esse “trem” é bom mesmo!
Comparando hoje, vejo o blog como continuava vendo (um diário mais abrangente das questões meramente pessoais) e o Recanto eu comecei a compará-lo a um livro de ponto. Com muitas vantagens, aliás. Seria um livro de ponto onde as pessoas comparecem diariamente, mas sem obrigatoriedade de exercer as suas funções e você ainda tem a possibilidade de ler e comentar ao lado da assinatura do seu colega. E a vantagem maior: não tem chefe nem patrão para lhe pressionar por resultados. Para quem gosta de ler escrever tem coisa melhor do que isso? Tem. Editar livros e ser lido por milhões de pessoas no mundo todo. Mas como é mesmo que tudo começa? Bom aí cada um sabe o caminho a seguir ou escolhe aquele que considerar mais conveniente.
Vai me dizer que não sentiu aquele friozinho nas primeiras vezes que colocou um texto e depois foi clicar em “publicar”? Vai me dizer que a primeira coisa que faz ao ligar seu PC e entrar no Recanto não é ir primeiramente à página de comentários recebidos? Bom, também pessoas diferentes sentem emoções diferentes por agirem diferente. Estou apenas contando que comigo é assim.
Foram poucos os dias que não estive aqui nesse período, mesmo assim todos contra a minha vontade. Não houve um sequer em que eu dissesse a mim mesmo: “Hoje não vou lá. Estou cansado, enfastiado do Recanto.” Foram todas saídas involuntárias; ou para compromissos inconciliáveis ou para pesquisas e outras leituras ou mesmo para descanso da coluna e das mãos.
Conheci pessoas de verdade e posso até dizer o contrário da cibernética: que poucas foram as virtuais. Tem algumas tantas que as relações se tornaram tão boas que só fica mesmo faltando um olho-no-olho, um aperto de mão ou abraço. Com alguns chegou já a acontecer, tive mais essa alegria. Com muitos outros espero ter a oportunidade.
Gosto muito de ler sobre tudo. Leio quase todos os dias os novatos e lhes dou boas vindas, sempre pensando no que elas representaram para mim nos meus primeiros textos. Um encorajamento, uma mão amiga que nos recebe quando estamos trilhando por caminhos ainda desconhecidos, fortalece nossos passos e ajuda a fazermos uma caminhada com mais segurança. Se vamos continuar andando ou não a gente decide depois. Mas o início é mesmo como uma criança dando seus primeiros passos e descobrindo o mundo. E também leio muito por ser um leitor assíduo. Finalmente, leio muito também para retribuir as visitas que recebo e porque gosto de ser lido, como acredito que seja o desejo de todos os que freqüentam aqui. É o segundo prazer depois de escrever.
A gente não escreve para a crítica. Mas ela existe, vem, é natural, faz parte do impulso do leitor e também de sua subjetividade. O leitor passivo é aquele que senta com seu livro. Ma só é passivo enquanto os olhos estão percorrendo as letras. Aquela leitura vai tocá-lo de uma forma e ele vai manifestar depois. Qualquer que seja a forma, a leitura o transformará. Nada dessa relação leitor / autor é estático. Que bom que seja assim!
Por último (e mais importante), quero agradecer a todos os recantistas que interagem numa relação respeitosa, agradabilíssima e enriquecedora. Eu não consegui ainda me ver fora daqui. Nas vezes em que tentei pensar nisso, deu uma sensação estranha. Também, por vontade própria nem quero pensar nisso. Fui arrebatado. Obrigado, de coração. Paz e bem.