ESTE BURACO É MEU !!!

O ser humano faz guerra por tudo: por petróleo, por um pedaço de terra ou de pão, e até por um buraco. Sim, eu falei que se briga até por um buraco. E o leitor sabe onde fica o “dito cujo?” No cemitério. Sim, no lugar em que a paz e a tranqüilidade devem reinar, por respeito aos nossos entes queridos que ali repousam. Discutir por causa de um simples buraco, catacumba, túmulo na hora do enterro é no mínimo uma falta de respeito com o morto.

Mas é hora de deixarmos de “rodeios” e passar aos fatos.

Quem me contou essa história, foi uma amiga muita querida, muito humana, que adora ajudar os outros. Contrário das pessoas mesquinhas que vivem em nossa sociedade brigando por tudo: até por um buraco. Ela é professora, mas como moramos numa cidade em que as siglas partidárias, muitas vezes, falam mais alto que a nossa competência profissional, todo início de ano letivo ela tem que ficar mendigando uma vaga para pegar uma sala aula em alguns dos colégios do nosso município, e muitas vezes acabam dando uma vaguinha tapa buraco, aquela que ninguém mais quer.

Teve um tempo em que eu também era muito partidarista, chegava a brigar por uma sigla partidária, mas graças a Deus, amadureci e percebi que todas são iguais. Quando estão na oposição pregam uma coisa, até enxergam aquilo que estar errado, mas quando viram situação fazem o mesmo, se não o pior de que quando criticavam.

Mas agora vou deixar de “milongas” e entrar nos fatos, pois já estou a três parágrafos dizendo que irei começar a contar a história do buraco do tio de minha amiga e mudo de assunto, você já deve estar de “saco cheio” comigo.

O cara morreu, e na hora de enterrar o cadáver, a catacumba já estava pronta para os fatos serem consumados, um parente do mesmo tinha mandado o coveiro abrir o tal buraco, quando chega o irmão do defunto e pergunta:

- O que estar fazendo o meu buraco aberto?

- O tio José será enterrado aí. – Falou um dos sobrinhos.

- No meu buraco? Não mesmo! Este buraco é meu. Paguei por ele e não vou ceder o meu buraco para ninguém. Quem quiser que arrume outro. Neste daí eu vou me enterrar quando “bater as botas”.

E a discussão tomou conta do enterro até decidirem arrumar outro buraco para o cadáver, que ficou ali exposto na cobertura do cemitério esperando quietinho, sem dá um pio, o final daquele mau entendido para ser enterrado.

Fico aqui com os meus botões, pensando no número de buracos que temos na vida, que deveríamos preservá-los e valorizá-los bem mais do que um no cemitério, como: o buraco dos ouvidos, não deveria escutar tantas besteiras, os dos olhos, enxergamos muitas maldades aonde não existe, os do nariz e outros com os quais muitas vezes poluímos o ambiente.

Afinal de contas, os buracos estão presentes na nossa existência. Fomos feitos através de um buraco, viemos ao mundo saindo pelo dito e somos “tarados” por buraquinhos muito mais interessantes que os dos cemitérios.

Por isso cuidado com os apegos tolos da vida, as vãs preocupações que nos faz irmos mais cedo para debaixo de um buraco e dentro de um saco de lixo. Sim meus amigos, todos nós iremos acabar num montinho de ossos dentro da catatumba, pois depois de alguns anos de nosso falecimento damos lugar para os nossos parentes e os restos mortais irão acabar num cantinho dentro de um saco de lixo.

Brigar por um buraco no cemitério, é no mínimo uma falta de humanidade com aqueles que nos antecedem nesta viagem sem volta, pois mais cedo ou mais tarde, aquele senhor, e todos nós iremos dividir o nosso buraco com os nossos entes querido. Por mais macho que somos, um dia alguém irá meter o “bedelho” no nosso buraco e nos expulsar do meio da sala principal e vão nos colocar num cantinho até viramos pó sem serventia nenhuma.

LUIZ CLAUDIO GANDIM KAU
Enviado por LUIZ CLAUDIO GANDIM KAU em 02/02/2010
Código do texto: T2064346
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