SOLIDARIEDADE

Faz mais de um mês que a chuva castiga a cidade, alagando ruas, atrapalhando o trânsito e, o que é pior, desabrigando muita gente.

No jornal da cidade, as notícias, tão repetidas que se tornam monótonas, enchem suas páginas com fotografias, comentários, reclamações, etc.

E os comentários não cessam:

- Que chuva!

- A rua está alagada...

- A estrada interrompida...

- Rodou um barranco...

- Caiu um barraco...

Mas hoje o sol apareceu anunciando dias mais alegres e o jornal trouxe uma notícia extraordinária.

Dona Luzia (este era o nome de minha mãe, mas não é dela que vou falar hoje) mora com o marido e quatro filhos em uma casa de quatro cômodos e está abrigando sob seu teto treze pessoas desabrigadas por causa da chuva.

Quem de nós (vejam bem que estou me incluindo) alojaria em sua casa que provavelmente tem mais do que os 30m2 da casa da D.Luzia, treze pessoas com a respectiva tralha salva da enchente?

Podíamos até doar roupas, alimentos, ou mesmo um dinheirinho que não fosse fazer muita falta, mas nunca permitiríamos que ocupassem nosso espaço, usassem nossos banheiros, invadissem nossa privacidade.

Senti-me tão pequena espiritualmente ao constatar isso!

Como estamos longe de conquistar o verdadeiro amor ao próximo, de entender o significado da solidariedade!

Dona Luzia está a milhares de anos-luz a nossa frente!

Que nos perdoe a humanidade e que Deus nos ajude a chegar lá.

Maith
Enviado por Maith em 02/02/2010
Reeditado em 02/02/2010
Código do texto: T2064202