A FÁBULA E A EDUCAÇÃO

Noutro dia, folheando uma velha apostilha, encontrei uma fábula de autoria desconhecida. Ela é bastante conhecida, principalmente, para aqueles que se dedicam ao magistério. Então achei oportuno postá-la aqui. É assim:

 

“Certa vez, os animais resolveram preparar seus filhos para enfrentarem as dificuldades do mundo e, para isso, organizaram uma escola. Adotaram um currículo prático que constava de CORRIDA, ESCALADA, NATAÇÃO E VOO.

 

“Para facilitar o ensino, todos os alunos deveriam aprender todas as matérias.

“O PATO, exímio nadador (melhor que o professor), conseguiu notas regulares em vôo, mas era aluno fraco em corrida. Ficou com os pés terrivelmente esfolados e, por isso, não conseguia nadar como antes. Entretanto, como o sistema de promoção era a média aritmética das notas nos vários cursos, ele conseguiu ser aluno sofrível, e ninguém se preocupou com seu caso, naturalmente, só o próprio pato.

 

“O COELHO era o melhor aluno do curso de corrida, mas sofreu tremendamente e acabou com um esgotamento nervoso, de tanto tentar a natação.

 

“O ESQUILO escalava admiravelmente, conseguindo belas notas no curso de escalagem, mas ficou frustrado no vôo pois o professor o obrigava a voar de baixo para cima e ele insistia em usar os seus métodos, isto é, em subir nas árvores e voar de lá para o chão. Ele teve que se esforçar tanto em natação que acabou por passar com nota mínima em escalagem, saindo-se mediocremente em corrida.

 

“A ÁGUIA foi uma criança problema, severamente castigada desde o princípio do curso, porque usava métodos exclusivos dela, para atravessar o rio ou subir nas árvores. No fim do ano, uma águia anormal que tinha nadadeiras conseguiu a melhor média em todos os cursos e foi a oradora da turma.

 

“Os RATOS e os CÃES DE CAÇA não entraram na sala porque a administração se recusou a incluir as matérias que eles julgavam importantes, como ESCAVAR TOCAS e ESCOLHER ESCONDERIJOS. Acabaram por abrir uma escola particular junto com as MARMOTAS e, desde o princípio, conseguiram grande sucesso.”

 

Vamos refletir um pouco?

 

Qual a escola que queremos para os nossos filhos? A que esfolou os pés do pato, sem observar sua aptidão física? A que insistia para que o coelho nadasse e esquilo voasse? A escola presa a padrões rígidos e rigorosos? A escola fechada, que se recusa ouvir ou adotar atitude inovadoras?

 

Não, caros pais, caros professores, não acredito que esta seja a escola almejada por todos. Pois queremos que nossos filhos e/ou nossos alunos aprendam. A escola deve está voltada para o aluno e para si própria. Ela deve também refletir sobre sua eficácia. Deve aprender enquanto ensina. Contudo, ainda nos deparamos com escolas onde a intolerância e as atitudes inflexíveis estão sempre presentes.

 

Escola não é de Diretor, Coordenador ou de Secretário. A escola é um ambiente da comunidade, portando de todos. E inserido nessa comunidade está a figura do professor, peça fundamental no processo de ensino/aprendizagem, e a relação entre professor e aluno é fundamental no processo pedagógico. Também destes, com as demais camadas hierárquicas da educação. Mas as palavrinhas mágicas onde estou tentando chegar são bem simples de serem entendidas: ADEQUAÇÃO e HARMONIA.

 

De acordo com a fábula, a primeira palavra - adequação - foi o motivo da falta de êxito numa escola (por não se adequar) e sucesso noutra escola (por se adequar); a segunda - harmonia - é essencial em qualquer relação, principlamente no ambiente educacional. Devemos, pois, cultivá-las para tornar a escola um lugar atrente, agradável e propício para a aprendizagem.

 

Entre tantas, esta foi mais uma lição que a releitura da escola dos bichos trouxe para mim.