Testamento de Um Dezembro Amarelo (BVIW)
Pra todo canto tinha luz, que não reluzia. Era uma falta de encanto misturada com perda de alegria. Passado todos os dezembros desmembrando os outros onze meses do ano.
Todos de riso, amigos secretos e planos. Compras para o fim do ano, pensamentos de ceia e festa de natal. Mas ainda assim um dezembro estranho. Como um ano que não ia virando.
Com chuva de agosto, a gosto. Desastres que de natural só o nome, na verdade foram bem criados pelo homem.
Dias eternos enterrados no trabalho. Feriados que não se prolongam e dividas que pesam. Eu queria um testamento de que tudo no mundo nos testa para aprovar.Assim meu ano novo até poderia ter uma cor de avelã.
Amarelando o humor, amarelando o vigor. Dezembro é o mês que cansa só por ser mês de tanta andança. Parentaiada, festa e gasto. Festa com choro de criança no final, e a tia mais velha vem reclamar o testamento nunca achado, discutir a possível herança.
Eu queria um testamento de que tudo é irreal, às vezes sinto o mundo num eixo imaginário e devo ser eu a girar ao contrario. Quero um testamento que minha herança é o fim do meu tormento, uma herança que de janeiro a dezembro mudará a cor do envelhecido desbotado, para um vivaz futuro. Um brinde ao testamento de que estamos ao vivo e a cores, encarando desbotamentos e bolores. Testificando com o mundo de testemunha as virgulas e pontos do documento vivo da vida. No meu testamento deixarei apenas uma pequena frase. “ Deixo meu espírito de liberdade, a aquele que queira partilhar a vida, não siga regras, siga rotas e achará o que precisa”