O ÚLTIMO DESEJO (BVIW)
Conde de Bragunça era filho único. Mimado, saúde invejável, cresceu protegido das dores do mundo. Sua fortuna ultrapassava o sonho de consumo de muitos milionários. O título aristocrático e o brasão da família adquirido a peso de ouro, buscavam prestígio. No entanto, a verdade era simples, ali reinava a solidão. Parentes distantes, não apenas na árvore genealógica, mas convívio. E o conde de Bragunça, certo dia, amanheceu em seu leito de morte absolutamente só!
O último desejo: mudar o testamento! E então, no quarto do moribundo, o testamenteiro, diante do mordomo e a criada, únicas testemunhas presentes, registrou as alterações. Apesar dos cento e dois anos de idade, o timbre de voz permanecia firme:
- Meus primos de quinto grau são os únicos parentes que possuo, por isso deixo para Astolfo Henrique meu primeiro uniforme de escoteiro, cujo valor emocional é infinito! Para a querida Hemengarda Gladys, o mimoso broche com laço de veludo violeta, adorno comemorativo das bodas de ametista de meus avós paternos! Epaminondas ficará com o crocodilo Xantippe, meu animal de estimação. A adorável quituteira da família, Josephine Joanette, receberá a panela de barro onde foi preparada minha primeira papinha. E à caçulinha Genoveva Jamille, deixarei a maçaneta de porcelana do quarto de mamãe.
Todos os outros bens, jóias, objetos de arte e valores monetários serão destinados ao governo para patrocinar a Guerra do Paraguai!
Firmo e reconheço como verdade,
Julio Cesar Nero Calógero Eustáquio Napoleão Alvarento
Conde de Bragunça
(*) IMAGEM: Google
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