Recanto das Letras, o nosso Divã.

Muitos de nós, ao escrevermos, revelamos um pouco ou muito de nossa identidade. Dizemos quem somos e o que somos. E os leitores, através dos seus comentários, funcionam como nossos psicanalistas, elevando a nossa autoestima. Isto é muito bom. Já dizia Aristóteles que “o homem é uma animal social”. Ninguém pode viver isolado. Ao pertencermos a um grupo, queremos compartilhar com ele os nossos sentimentos de alegria ou tristeza. Por isso, externamos o nosso pensamento, como forma de desaguar a nossa represa antes que ela transborde. Sim, temos de fazer com que o vertedouro funcione a contento para que a água chegue ao seu destino. Se guardarmos todos os nossos segredos, sem contarmos com um confidente, poderá ocorrer uma sobrecarga de ansiedade, provocando um sentimento de angústia. Não foi por acaso que antes do psicanalista a sociedade recorria ao confissionário para que o padre aliviasse o peso dos seus pecados. Pela condição de representante da igreja, era a pessoa mais confiável, a quem poderia revelar os segredos, sem risco de repúdio da sociedade por um comportamento inadequado.

E nós, recantistas, temos inúmeros psicanalistas e sacerdotes espalhados por toda parte, sempre com uma palavra amiga, através de seus comentários. Então, podemos dizer que aqui é realmente o nosso Divã, onde, calmamente, diante do nosso computador, revelamos um pouco do que somos.

Irineu Gomes
Enviado por Irineu Gomes em 31/01/2010
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